terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Alguns Fatores Sobre o Mickey

Desde o principio da Patranha eu pretendia tratar desse tema, só não tive oportunidade (nem vontade) até agora. Acabou que esse post demorou menos para ficar pronto, e é até agora o menor que escrevi, acho que por não ser uma resenha nem lista, tratando-se de um único tema.

A questão é que o universo dos patos tem muito mais admiradores do que o do rato, sendo que alguns dos fãs sequer gostam do Mickey. Porque o Mickey é tão desprezado por alguns fãs de quadrinhos Disney? O primeiro pensamento que vem a mente é que, de fato, há menos boas histórias com o universo dele do que com o do Donald, por exemplo, mas isso também deve ser entendido com maior calma, afinal gosto é pessoal, e ambos problemas parecem ser complementares, a saber, se você não gosta de determinado personagem não gostará das suas histórias, e se não gosta de determinadas histórias não gostará de seu protagonista. É claro que esse post não propõe a ser uma resposta completa, mas apenas compilar alguns fatores. Vamos a eles:




1 – Carl Barks trabalhou com patos;

Só por causa dele? Antes que me chamem de vintage, que eu não dou atenção aos atuais artistas, bem não é verdade. Eu prefiro sim Carl Barks a qualquer outro quadrinista, mas sei valorizar obras de qualidade produzidas mais atualmente. Entretanto é inegável a grande influencia que o mestre tem no universo dos patos até hoje. Don Rosa, Vicar, Van Horn, Daan Jippes e vários outros grandes mestres foram influenciados marcantemente por Barks. Se acaso o mestre dos patos tivesse trabalhado e desenvolvido o universo do rato, é bem provável que todos esses seguidores tivessem feito o mesmo, tendo então muito mais gente de talento a trabalhar com o Rato.

Não é, então, só por causa de Barks, mais fundamentalmente por causa dele, que influenciou vários outros mestres. Não consigo, no entanto, sequer lamentar isso, afinal o que ele fez com o universo do pato é sensacional. Isso influenciaria sem dúvidas no caráter e na construção do personagem que é o Mickey. Afinal, Carl Barks tinha um humor satírico quase cínico, mas falarei mais disso mais adiante;



2 – O Mickey NÃO é engraçado;

Praticamente continuando do tópico anterior, Donald desde o principio já era um pato preguiçoso, e depois adquiriu o pavio curto, a falta de escrúpulos em conseguir o que quer. Ou seja, o pato é um verdadeiro anti-herói. Na maioria das histórias age de maneira desonesta, só se importa consigo mesmo, é o único personagem que pode começar uma história com a cidade toda correndo atrás dele raivosa, isso é comum e nem precisa de explicação. Pateta, ao contrário de Donald, é honesto e puramente bom, mas é um tolo. Falta-lhe inteligência, e é por isso que normalmente ele se mete em várias situações inesperadas. Tio Patinhas, para finalizar os exemplos, é um avarento, mesquinho, várias piadas podem ser construídas em cima de sua falta de generosidade e sua ganância. Já o Mickey... Bem, o Mickey é honesto, inteligente, bom moço, generoso, de bom coração. Ou seja, chatíssimo, não tem graça nenhuma. O Superman da Disney.

Aí temos algumas possibilidades. Uma é utilizar o Mickey em histórias humorísticas mesmo assim. Isso até pode ser feito, utilizando ele como contrapeso de outros personagens. Como por exemplo, correndo atrás das besteiras que o Donald e o Pateta fazem. A história “Volta ao Mundo em 80 Dias” da qual falei semana passada é um ótimo exemplo onde ele contrasta com o Pateta, sendo um homem (rato, desculpe) sensato que se encontra em situações inimagináveis. Às vezes ele é colocado como personagem principal de histórias curtas e de teor humorístico, isso é um erro, obviamente. Já que, ou se vai descaracterizar o personagem ou ele vai ficar totalmente desambientado. Ou os dois, o que ocorre com freqüência. Isso nos leva a outra possibilidade, que tratarei no próximo tópico;



3 – O Mickey só funciona bem em histórias mais sérias;

Aí é que está. O Mickey é um personagem descartável ou inútil? Pelo contrário, o Mickey é um excelente personagem. É sério, um dos mais inteligentes dos quadrinhos Disney (na prática, quer dizer, no dia-a-dia, não como os cientistas Pardal e Ludovico, por exemplo). Vemos a beleza do Universo Disney aí. É muito grande e variado, permite vários tipos de história. O Mickey não funciona bem em histórias curtas, mas não tem ninguém melhor nesse universo para colocar no meio de um grande mistério. Eu sou um grande fã de histórias de detetive, tenho todos os livros de Sherlock Holmes, e vários da Agatha Christie, e por tabela adoro histórias do Mickey de detetive quando bem feitas. Outro exemplo de história em que ele dá certo são histórias épicas. As histórias contidas na coleção Clássicos da Literatura Disney são ótimos exemplos, “O Inferno de Mickey” é uma das melhores histórias que eu já li. Histórias da série máquina do tempo, embora cheias de falhas e algumas legitimamente ruins, e da ótima série “Era uma vez na América” são bons exemplos também. Claro que isso leva ao ultimo fator;



4 – É mais difícil fazer uma boa história do Mickey;

Claro, porque embora não seja nada fácil fazer uma história curta, que seja genuinamente engraçada e interessante, não é fácil e deve contar com muito talento do roteirista, não dá pra negar que uma história grande que se proponha a ser mais séria, contar um mistério, ou descrever acontecimentos épicos, é muito mais difícil de fazer de maneira aprazível. É necessário inspiração, pesquisa e boas ideias. Na verdade, poucos são os autores, que conseguiram trabalhar por um longo tempo, de maneira agradável a todos os leitores, com o universo do rato. Uma menção honrosa a dupla Fallberg/Murry, que produziu por anos e anos excelentes histórias de mistério e aventura com o Mickey. Acho que são hoje a única unanimidade entre os fãs de quadrinhos Disney com o rato, já que até mesmo os maiores desdenhadores do Mickey apreciam suas obras.

É certo que também existem péssimas histórias curtas do Donald e do Zé Carioca, mas esses personagens têm carisma para segurar um roteiro não tão inspirado, já o Mickey todo seu carisma encontra-se em seu talento para detetive, ou de solucionador de problemas de modo geral, e se um mistério ou problema tem uma solução fácil de mais, inverossímil, que ofende a inteligência do leitor, ele se torna inútil e irritante, com o seu pedantismo, falando descobertas que até uma criança de seis anos teria observado. Deve ser por isso que só o Pateta anda com ele. O Mickey só se torna interessante quando o roteiro possibilita problemas onde o rato seja realmente necessário, onde a inteligência dele se destaque (sem agir como clarividente por outro lado). Normalmente essas são ótimas histórias. Ele também pode ser usado em histórias que são tão épicas que os personagens perdem importância, como “O Inferno de Mickey”.



Para terminar, só lamento que esse incrível personagem seja tão mal utilizado na maior parte do tempo. Que poucos autores atuais e de outrora tenham conseguido aproveitá-lo bem, utilizando suas qualidades em histórias interessantes, ao invés disso deixando sua falta de carisma estragar histórias curtas ou fazendo grandes, porém pouco inspiradas histórias longas, gerando até mesmo o desdém de alguns leitores. E espero que surjam novos artistas que tratem bem e saibam fazer boas histórias com o universo do rato. Casty, a principio, foi uma decepção completa, mas a última história dele que li era boa e ainda espero mais dele (como eu assinei tenho que ter esperança nisso).

Que venham bons tempos para o rato!

sábado, 15 de janeiro de 2011

Clássicos da Literatura Disney - Parte 4

Finalmente, depois de um mês e meio volto ao projeto original do blog. A coleção Clássicos da Literatura Disney continua avançando, de 20 volumes originalmente a coleção terá 40, e eu ainda estou no 9, com meu novo método de manter a rotina, o ritmo que eu estava (3 volumes por postagem) demoraria mais 10 semanas para revisar todos. A principio pensei em desistir disso, porém, para não deixar nada pela metade (ou em ¼), resolvi acelerar o ritmo e revisar 6 volumes por semana e gastar metade do tempo então. É natural então, que, por tabela, os reviews fiquem menores e menos detalhados (menos o da primeira história que eu já tinha escrito há muito tempo, em novembro daquele ano). Comecemos:

Legenda da Avaliação: (*)Ruim, (**)Regular, (***)Bom, (****) Ótimo, (*****)Excelente.


  
Volume 10 – Cruzadas

Donald Furioso; 64 páginas, 1966;


É época de colheita no sítio da vovó Donalda, e a família Pato vai toda ajudar, inclusive o pato Donald que, com sua habitual preguiça, troca o trabalho por uma boa soneca debaixo de um carvalho, acompanhado pelo Gansolino. A bruxa Vanda, que passava por ali, resolve dar uma lição nos dois, e os transporta para o passado, para a era dos paladinos, para a França governada pelo rei Pato Magno (encarnado pelo tio Patinhas). Donald, habituando-se rapidamente a época, deve fazer grandes feitos para agradar o rei, insatisfeito com a sua inatividade, e depois de enganado pela bruxa Vanda, emprega-se na grande missão de salvar a princesa Margarida Angélica do terrível Basilisco e sua legião de monstros. Com a ajuda da bruxa Vanda ele consegue, mas é passado para trás por seu escudeiro Gansolino, e perde o juízo, transformando-se em um ser de pura fúria. Ao mesmo tempo desses acontecimentos, um gigantesco exército de metralhas do oriente cerca o castelo, e pato Magno deve recorrer ao enlouquecido paladino para livrá-lo como última opção. Minha opinião favorável a esta história foi meio na contramão da opinião da comunidade disneyana do Brasil (Está bem, a comunidade do Orkut, ok?), eu fui um dos poucos que realmente gostaram da história, e não vejo porque não gostaria. Ela não tem o nível de excelência de outras histórias publicadas até aqui, como “As Viagens de Marco Polo” e “Guerra e Paz” (sendo estas produções posteriores), mas achei essa uma ótima e divertida história, com desenhos muito bem feitos e um roteiro bem escrito, que prioriza as situações cômicas e exageradas, como a seqüência em que o Pardal vai ler a carta de convocação para o Donald e ele, raivoso, arranca a árvore e parte para cima do galo. É uma história que realmente não prima pelo rigor científico e que contém muitas gags físicas e violentas antigas.


A Lâmpada do Paladino, 21 páginas, 1990;


Nessa história é aniversário do tio Patinhas, e ele é convidado para jantar com a Brigite. Para passar o tempo até à hora de ir ele resolve ler um livro sobre paladinos e cavaleiros que ganha dos sobrinhos Zezinho, Huguinho e Luizinho, porém o milionário acaba dormindo durante a leitura e sonha que ele mesmo é um paladino errante, que deve buscar um grande tesouro. Eu não gostei dos desenhos dessa história, não são bem feitos, nem inspirados, a mesma coisa com o roteiro, que ainda se aproveita o tempo todo de rimas pobres e piadas manjadas. Uma história facilmente esquecível, portanto.


Patópolis Libertada, 67 páginas, 1967;


Donald, junto de seus sobrinhos, vai passar um tempo acampando para fugir do trabalho, já que o tio Patinhas está construindo um grande projeto secreto. No tempo programado para a inauguração ele volta para Patópolis, porém não consegue entrar na cidade, porque uma cúpula invisível a cerca, graças aos Metralhas que tomaram controle da cidade com as próprias surpresas do tio Patinhas, e comandados pelo Bafo. Com a ajuda de Mickey e Pateta, que haviam ido voar em um inverossímil dragão mecânico, o pato se propõe a libertar sua cidade. Essa história tem altos e baixos, em minha opinião. Por um lado, o argumento é bem criativo, e a história tem alguns bons momentos de humor mais antigo, também a interação entre o universo do rato e do pato funciona bem aqui. Por outro, há vários furos aqui (esconder todo o dinheiro embaixo de uma prisão que aparentemente era bem fácil de escavar parece uma tolice das grandes), com embasamento científico mínimo, e alguns personagens com sua pior faceta (como os sobrinhos sabe-tudo e perfeitinhos, o Mickey bonzinho e bobo, embora ele apresente uma faceta vingativa pouco comum). Afinal, eu acho uma boa história, levando-se em conta sua antiguidade.

Avaliação da Patranha: (****)
Eu posso ser o único a ter gostado desse volume, mas fazer o que? Eu gostei tanto da primeira história quanto da última, a menor eu não gostei, mas passa batido, já que se aproveita o Volume quase todo. 



Volume 11 - Dom Quixote

Dom Quixote, 81 páginas, 1956;


Aqui, Dom Quixote em pessoa, do céu, observa os homens de hoje em dia e lamenta que não haja mais heróis nem grandes feitos. Ele resolve enviar seu escudo para que ache seu digno sucessor e o escudo acaba indo parar nas mãos do Pato Donald, que imediatamente é tomado pela missão do cavaleiro da triste figura e, andando pelos arredores de Hollywood, onde se encontrava, acaba realmente fazendo jus as loucuras de seu antecessor. Uma história muito antiga, que, assim como as outras que apareceram por aqui, tem várias gags e piadas físicas que não são costumeiras nas histórias atuais. Os desenhos não são tão bem feitos, mas a história é interessante com participações especiais de vários personagens Disney. Não é uma excelente história, mas é boa para essa coleção, por ser inédita e uma boa história antiga.


Os Mistérios Da Selva Negra; 48 páginas, 1991;

Roteiro: Bruno Sarda
Desenho: Giampiero Ubezio

Nessa aventura, Mickey faz o papel de Mik-Key, um jovem criado nas selvas indianas por Patetimuri (Pateta) que resolve salvar Minnie (Minnie mesmo), de uma seita secreta de dançarinos, os Tugues. Gostei particularmente dessa história, tanto pela linha de ação bem escrita, o qual, não cheguei a ler o livro que inspirou,
porém segundo o texto introdutivo do volume, é bastante semelhante a ele, quanto pelo fato de ele não se levar nada a sério, sendo uma visão divertida e satírica Disney da história. Uma ótima história, por fim, do universo do rato.


Dom Gansote e Sancho Pena; 12 páginas, 1983;


Gansolino é Dom Gansote, um nobre preguiçoso e glutão, que só acorda para comer tortas de Dulcegansa. Quando ela é raptada pelo cavaleiro negro, cabe então ao cavaleiro andante e a seu escudeiro Sancho Pena, o inesperadamente mais capacitado personagem da história Peninha. A primeira história brasileira da coleção não é a minha história favorita entre as sátiras do Peninha, prefiro muito mais “Pena Spartacus” ou “As Aventuras de Pen-Hur”, porém essa aqui é uma boa história, que exemplifica bem o talento dos artistas brasileiros, e o típico humor dessa terra. (E viram como os reviews ficaram menores?)

Avaliação da Patranha: (***)
Três boas histórias de diferentes tipos, sendo uma brasileira, nenhuma, entretanto, se destaca sendo ótima.Um volume apenas bom, portanto.



Volume 12 - 20.000 Léguas Submarinas

O Mistério do Nautilus; 55 páginas, 1992;

Roteiro: Giorgio Pezzin
Desenho: Franco Valussi

Mickey e Pateta se deparam com um mistério em uma viagem a França, em um museu no norte do país, onde antigamente era a casa de Julio Verne, encontram um diário escrito pelo famoso escritor, e nele uma foto onde os dois aparecem. Eles utilizam a máquina do tempo de Marlin e do Professor Zapotec para voltarem à época de Verne e resolverem o mistério. Embora a solução final para o mistério seja interessante, a história de modo geral não me agradou, em parte por não seguir regras básicas de viagem no tempo, já que eles voltam por causa deles mesmos que já estiveram no passado. Os desenhos também não são a melhor demonstração da escola italiana, e o roteiro não é inspirado, excetuando talvez o final. Uma história regular.

20.000 Léguas Submarinas; 34 páginas, 1955;

Roteiro: ?
Desenho: Frank Thorne

Essa história é uma quadrinização de um filme de 1954 dos estúdios Walt Disney, que por sua vez é uma adaptação do livro. Portanto eu poderia fazer aqui uma pequena sinopse, porém não vou fazê-lo, se você ainda não o leu, faça esse favor para si mesmo. Quanto à história, houve grande polêmica entre os fãs de quadrinhos Disney, muitos execraram a presença de uma história com personagens humanos em vez dos bichos antropomórficos a que estamos acostumados. Eu por um lado, concordo. Preferia que toda coleção trouxesse apenas a turma de Patópolis (ou do Rio, etc), por outro essa é uma excelente história (pelos méritos do filme e do livro, que seja) a melhor do volume, e por ser boa assim (embora nessa edição, muito mal colorida) acho que fizeram bem em incluí-la.


20.000 Ligas Submarinas; 37 páginas, 1975;

Roteiro: Massimo Marconi
Desenho: Luciano Gatto

Donald é literalmente seqüestrado pelo tio Patinhas e pelos seus sobrinhos para ajudá-los a encontrar 20.000 maquinas feitas de uma liga secreta. Os Metralhas, chefiados por Patacôncio, porém, estão em seu encalço, com o intuito de roubarem as ligas, isso enquanto o próprio Donald não estraga tudo. Uma história longa demais para seu pouco conteúdo, se gasta tempo demais com piadas manjadas do Donald fugindo do trabalho para no final o próprio atrapalhar todo o objetivo. Ou seja, um clichê.


Aventuras Submarinas; 7 páginas, 1969;

Roteiro: Dick Kinney
Desenho:
Jack Bradbury
Arte-final:
Steve Steere

Os irmãos tramóia são os vilões dessa história. Aqui eles abrem o dique de uma cidade que eu acho que não é Patópolis, embora o Pateta more ali, enchendo a cidade de água. O Pateta come então um superamendoim e transmutado no Superpateta vai salvar a cidade. Eu já disse que eu gosto do Superpateta e de suas histórias antigas, e essa é uma ótima história, que ainda fala de problemas importantes de nossa sociedade, como infra-estrutura, urbanização, enchentes e criminalidade. Sem essa intenção, talvez. Ok, é uma história despretensiosa e tem a única intenção de divertir, por isso é ótima.


Azar Real; 9 páginas, 1989;

Roteiro: ?
Desenho: Irineu Soares Rodrigues

A Segunda história brasileira da coleção, desta vez com o Pena Submarino. No palácio real submerso, o rei Pena caminha de madrugada, quando por acidente quebra o espelho real, o que gera uma praga sobre as plantações de alga do reino, que só a bruxa do mar (Min) pode curar. Mais uma boa história da escola brasileira, simples e divertida. Só gostaria de destacar a boa colorização dessa edição. Ficou ótima.

Avaliação da Patranha: (***)
Embora a primeira não seja muito inspirada e a terceira história não tenha me agradado nem um pouco, a história com humanos salva um pouco o volume junto com as ótimas curtas.



Volume 13 - A Divina Comédia

O Inferno de Mickey; 73 páginas, 1949;

Roteiro: Guido Martina
Desenho: Angelo Bioletto

Mickey e Pateta são hipnotizados por um amigo do Bafo durante uma apresentação da Divina Comédia, o que faz eles pensarem que são de fato Dante (Mickey) e Virgílio (Pateta). Vão então à biblioteca estudar o livro, e acabam mergulhando de fato numa jornada fantástica pelos nove círculos do Inferno Dantesco, a maneira Disney é claro. Essa é uma história fantástica, grande, pretensiosa, genial, com participações de praticamente todos os personagens Disney. Com piadas e cenas que dificilmente apareceriam em histórias modernas, com gente sendo queimada em óleo fervente, furados, devorados, etc. É de fato, inexplicável que ela, feita em 1949, tenha demorado tanto para chegar ao Brasil. Mas é exatamente ela que faz uma coleção dessas valer à pena.




Margarida Polenta casa-se com o rico, porém cruel, Pato Pocatesta (tio Patinhas), porém sentimental e suspirando de amor, sonha em encontrar outro homem (ou pato). Uma história estranha, curta demais, inexplicável, que acaba de repente, fica meio perdida entre as outras duas gigantes e ótimas histórias dessa revista. Apenas fecha o número de páginas, mas será que não teria uma opção melhor?


O Inferno De Donald; 57 páginas, 1987;


Donald está estressado com os engarrafamentos, incendiários, vizinhos insensíveis, burocratas, poluidores, etc, etc. Seus sobrinhos então resolvem mandá-lo num relaxante passeio de barco, descendo o rio. Para entretê-lo durante a campanha mandam o livro “A Divina Comédia” para que ele leia. Durante a leitura o pato acaba dormindo e sonha que ele mesmo acaba no rio Caronte em direção ao inferno. Outra ótima história, não tão épica e bem feita quanto a primeira desse volume, mas de qualquer forma uma história memorável, que atenua bem mais os terrores infernais (satirizando-os) do que a primeira, colocando os erros dos quais Donald queixava-se sendo severamente punidos no Inferno.

Avaliação da Patranha: (*****)
Mais um excelente volume. Uma mediana história fica meio perdida entre as ótimas, sobretudo a primeira, adaptações do Inferno Dantesco.



Volume 14 - A Guerra dos Mundos

A Guerra dos Mundos, 60 páginas, 1987;


A história faz uma paródia do livro de H. G. Wells quase literal, porém logicamente bastante amenizada para os padrões Disney. Mickey é o narrador, e ao lado de Pateta, o primeiro a ver os alienígenas chegando, foge pela Inglaterra enquanto procuram um modo de deter a ameaça espacial. Apesar de aproveitar o enredo original e ter umas boas sacadas na adaptação infantil (como na resolução final), essa história não me agradou muito. Acho que por isso mesmo, é infantil demais, bobo mesmo. Não é uma história que caia tão bem para leitores mais velhos (e para falara a verdade, nem tanto para crianças também). Uma história passável, para dizer o mínimo.


Os Marcianos Estão Chegando; 9 páginas, 1983;

Roteiro: ?
Desenho: Irineu Soares Rodrigues

Biquinho invade a central de rádio de Patópolis, disposto a brincar de Buck Rogers (ou Buck Borges), como os radialistas haviam esquecido os microfones ligados, ele transmite para toda Patópolis um alerta de emergência, pois os marcianos haviam invadido a terra, gerando caos e confusão em toda a cidade. A terceira história brasileira da coleção (e essa é a última vez que falo o numero da história brasileira) é muito divertida e simples como as outras, com excelentes desenhos.



Roteiro: Don Rosa
Desenho: Don Rosa

Tio Patinhas recebe uma encomenda do Pólo Sul, um meteorito, que logo se revela equipamento alienígena. Ao mexer, inadvertidamente, nas peças do meteorito, tio Patinhas acaba liberando uma força que faz a caixa forte tomar vôo e ir para o espaço, e ele logo se prontifica a segui-la, e acaba descobrindo uma família de aliens. Uma história de Don Rosa, onde a graça é os terráqueos fazerem o papel de alienígenas. Os desenhos são ótimos como sempre quando se trata de Rosa, porém uma coisa negativa não da história, mas da edição, foi a primeira página dela que saiu borrada em todos os volumes. Um erro ridículo. De resto uma boa história.


A Ajuda que Veio do Espaço; 9 páginas, 1987;

Trama: Lars Enoksen
Roteiro: Tom Anderson
Desenho: Vicar

Donald está num dia habitual, irritou o tio Patinhas gastando seu dinheiro, esqueceu do encontro com a Margarida e de contribuir com os escoteiros, logo todos estão atrás dele furiosos. Ele se esconde na praça, e acaba sendo substituído por um ET com o seu corpo. Uma boa história curta, com o excelente traço do Viçar. Eu admito que gosto muito mais de histórias despretensiosas e divertidas assim que grandes sagas italianas, ou mesmo grandes projetos de 20 páginas de Don Rosa.




Pardal cria um detonador do tempo, enquanto o tio Patinhas está planejando maneiras de lucrar com isso, Donald acaba ativando uma super-bomba e para se livrar dela manda-a para a pré-história. Claro que Pardal alerta-o para a possibilidade dele a História, acabando com a vida no planeta, e manda-o junto com Huguinho, Zezinho e Luisinho para o passado achar a bomba e livrar-se dela. O roteiro dessa história não é dos melhores, é cheio de furos, sem embasamento científico nenhum, embora tenha alguma criatividade no argumento. Para começar, o que uma ultra-bomba fazia no laboratório do Pardal, ele estava trabalhando para o governo, alguma potência estrangeira, terroristas? Segundo, se eles mandando a bomba para o passado criaram uma mudança no tempo, como é que a mudança que eles criaram depois já tinha acontecido (explodir a lua)? Os desenhos também não me agradaram, não conheço esse desenhista, mas não gostei do seu traço. Afinal, a história poderia ser boa, mas erros demais irritam e estragam o resultado final.

Avaliação da Patranha: (***)
Boas histórias curtas, inclusive uma de Don Rosa, salvam esse volume da mediocridade de sua história de abertura.



Volume 15 - Viagem ao Centro da Terra

Viagem ao Centro da Terra; 58 páginas, 1984;

Roteiro: Fabio Michelini
Desenho: Guido Scala

Tio Patinhas está doente, o médico diagnostica uma melancolia profunda causada pela nostalgia de outros tempos, quando o velho pato percorria o mundo em buscas de tesouros. Ao saberem os sobrinhos propõe a busca de um tesouro no subsolo, e eles partem para uma mina abandonada na Escócia, ao penetrarem nas recônditas profundezas da mina e continuarem cavando encontram um longo buraco por onde eles caem indo parar no mesmo rio subterrâneo onde os personagens de Julio Verne estiveram. Uma história meio boba também, como o carro chefe da edição anterior, embora um pouco superior aquela, em minha opinião.

A Volta ao Mundo em 70 dias; 49 páginas, 1996;

Roteiro: Carlo Gentina
Desenho: Luciano Gatto

Essa história se passa pouco depois de Phileas Fogg completar a volta ao mundo em 80 dias, em um clube de Londres, onde Gastão desafia Donald para que ele complete a volta em 70 dias. Ele aceita a aposta e parte junto ao professor Pardal, que oferece ajuda no seu barco auto-sustentável. Embora não justifique as 49 páginas essa é uma boa história, que se usa da mesma solução genial do romance de Julio Verne, só que ao contrário, para o Pato Donald se dar mal, como de costume. Só mais uma observação, não faria diferença para Donald ou mesmo para Fogg, ir para Leste ou Oeste, tendo em vista a questão do fuso. O que muda é apenas a observação de quem está viajando, já que para quem vai para o Oeste, os dias são um pouco mais longos já que se viaja no mesmo sentido que o sol, e o contrário para quem viaja para Leste, os dias são mais curtos. É uma coisa óbvia, eu sei, mas a história faz essa confusão.


A Fonte de Verne; 30 páginas, 2009;

Roteiro: Carlo Panaro
Desenho: Valerio Held

Mais uma história da série Máquina do Tempo. Aqui prof. Zapotec encontra o diário de Júlio Verne, e uma passagem que cita uma fonte de inspiração gera seu interesse, ao que ele manda prontamente Mickey e Pateta para investigar. Uma boa história, embora nada tenha de mais. Os desenhos são muito bons dentro da escola italiana e é uma das histórias mais recentes da coleção. O final não é dos mais originais, na verdade é extremamente batido dentro dessa série.

Avaliação da Patranha: (**)
Três histórias regulares apenas, com a melhor (A Volta ao Mundo em 70 dias) tendo um argumento furado. Na minha lista coloquei uma história que poderia ser aproveitada nesse volume.


Me sinto até envergonhado de ter saído da minha rotina pré-determinada logo no quarto post, mas a questão é que desde quinta estou escrevendo. Estive meio ocupado lendo e resolvendo umas questões e só hoje pude finaliza-lo à duras penas. Farei o possível para não atrasar e sair da rotina daqui por diante.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

LISTA: 10 das minhas histórias favoritas - Parte 2

Continuemos então, como prometido, a listar dez das minhas histórias favoritas de todos os tempos. Lembrando que não são as dez histórias favoritas, mas sim representativas de um autor ou um tipo de história. Vamos a elas.



6 – Aventura na Fórmula 1; 72 páginas, 1984;


Eu confessadamente não estou entre os maiores fãs do estilo italiano, mais arredondado. E Cavazzano é um dos maiores expoentes e mesmo responsável por esse estilo plenamente identificado com a Disney Itália. Entretanto, só um louco não seria capaz de reconhecer seus enorme talento e as ótimas histórias em que ele trabalhou, como essa.

Aqui tio Patinhas fica muito interessado nas cifras milionárias que são movidas nas corridas de fórmula 1, e decide entrar no meio, patrocinando alguma escuderia ou piloto. Entretanto, quando cobram uma fortuna por um mísero espaço de patrocínio, e ao ser rejeitado por todas as escuderias, ele resolve construir a sua própria equipe, sendo seu único patrocinador. Claro que o velho muquirana pretende gastar o mínimo possível, e coleta as peças necessárias para o seu Turbopato TP1 no lixão, e convoca o sobrinho Donald para ser o piloto. Claro que não vai ser fácil concorrer com equipes de verdade.

Escolhi essa história por diversos motivos, já que ela não necessariamente minha história favorita desenhada pelo Cavazzano. Gosto mais de “O Mundo Perdido”, por exemplo. Só que como essa saiu no Volume 21 de Clássicos da Literatura Disney, ainda devo escrever sobre ela. Em primeiro lugar eu escolhi essa história, porque eu gosto dela há muito tempo, o Disney Especial que a contém foi também uma das primeiras revistas Disney que eu comprei (no sebo). Segundo, porque ela representa as gigantes histórias italianas. Ok, “O Mundo Perdido” também representa (possui 87 páginas), mas já expliquei porque não falei dela, e essa tem 72 páginas, já vale como exemplo. E terceiro, porque é uma história esportiva. No universo Disney, muitas e excelentes histórias com temas esportivos foram escritas, a maioria que temos acesso de futebol, já que é o esporte nacional nosso e italiano, e entre as de futebol tem várias boas histórias também, como as do Xurupita F. C.. Mas vale uma ótima história de automobilismo, desenhada pelo grande mestre Cavazzano, para representar todas as histórias esportivas.

O roteiro não é complexo, apenas mostra GP após GP o Turbopato sendo desclassificado de formas cada vez mais inverossímeis, é muito divertido, entretanto, com o tio Patinhas querendo sempre economizar na hora da montagem e como se imagina, um lixão no meio da pista, concorrendo com máquinas aerodinâmicas. O final também é perfeito e divertidíssimo. Quanto aos desenhos, o que falar? A assinatura já diz tudo, e aqui Cavazzano se apresenta em sua melhor forma e época (em minha opinião) com desenhos fantásticos. Uma história memorável.



7 - Em busca de Kalevala; 33 páginas, 1999;

Roteiro: Don Rosa
Desenho: Don Rosa

Don Rosa aparece finalmente na minha seleção de histórias e não poderia ser diferente. Afinal ele é recentemente (há dez anos) o mais conhecido e admirado autor Disney. Admito que eu não acho o Rosa tudo isso. Pretendo ainda fazer um post com prós e contras da saga do tio Patinhas e outras histórias relacionadas. E nem considero o Rosa como concorrente a ser melhor que o Carl Barks (embora saiba que muita gente considera, e respeito plenamente essa opinião). Don Rosa é, contudo, um dos mais talentosos artistas a ter desenhado quadrinhos Disney, com seus quadros maravilhosos, com inúmeros detalhes. E também com seus roteiros, sempre plenamente baseados e embasados histórica e cientificamente (em um nível de quadrinhos infantis, claro), como também fazia o seu mestre Carl Barks.

Tio Patinhas encontra na sua caixa de lembranças uma nota de dívida muito antiga, de quando ainda era um engraxate na Escócia. Ela está assinada por um tal Elias Lonrot, que graças ao praticamente onisciente Manual do Escoteiro, descobre ser o compilador dos mitos de Kalevala, um mundo mágico da mitologia finlandesa. Ao saber da lenda do Sampo, um moinho mágico que produz prosperidade eterna: sal, grão e moedas de ouro, tio Patinhas decide procurá-lo, partindo de imediato para a Finlândia e se envolvendo em um embate épico.

Essa é, em verdade, minha história favorita de Don Rosa e também a primeira dele que li, tendo comprado a revista na banca em uma excursão com a escola em 2001. Na época fiquei maravilhado com o autor, e só depois que eu conheceria outras obras mais famosas dele, como a Saga do Tio Patinhas, mas até hoje não encontrei uma história dele que me apetecesse mais. O fato de eu gostar muito de mitologia e da Finlândia deve contribuir (ou não, pode ser a história que tenha me despertado gosto por mitologia finlandesa, não lembro).

Os desenhos são, é claro, fabulosos nessa história. Ela é ideal, aliás, para ser lida em formato americano e não formatinho, por causa dos muitos detalhes. O roteiro é muito bom, também. Não deixa de ser complexo e ligeiramente pretensioso, como de costume. É amplamente baseado nos mitos de Kalevala, e faz isso muito bem. Uma excelente história em suma, com todas as grandes qualidades do mestre Don Rosa.

 8 - O Detetive Durão; 10 páginas, 2001;


Outra história curta de outro grande mestre das histórias curtas, William Van Horn. Essa é a história que eu li mais recentemente, ano passado, em Pato Donald Extra! 3, entretanto ela é emblemática para mim por dois motivos. Primeiro, ela representa minha volta a colecionar quadrinhos Disney, e a primeira vez em minha vida que comecei a comprar regularmente as edições publicadas em banca. Segundo, ela me apresentou ao último grande mestre do qual me tornei fã absoluto, William Van Horn. Claro que eu já tinha lido várias histórias dele, e gostado de várias com certeza, mas como a arte dele não se destaca particularmente, não o identifiquei claramente antes de conhecê-lo, como fiz com outros autores. Entretanto, essa revista, Donald Extra! 3, traz 3 histórias do mestre, duas das quais geniais, e as revistas do Pato Donald mensais que comecei a comprar a seguir foram trazendo outras histórias dele, e comecei a admirá-lo cada vez mais.

Nessa história Donald é, aparentemente, um detetive daqueles comuns americanos durões, e tem de resolver um caso muito misterioso, quando uma casa surge misteriosamente do nada, e coisas estranhas ocorrem ali. O problema é que a cada passo o caso fica mais obscuro e inexplicável.

O roteiro é simples, quer dizer na verdade é bem complicado, mas isso é proposital, o que importa na história é o bom humor, e ela é engraçadíssima, com um final excelente, aliás, Van Horn costuma saber terminar as histórias muito bem sempre. Os desenhos são muito bons, não espetaculares como os de Rosa, mas muito bem feitos. A arte de Van Horn é parecida com a do mestre Barks, embora não tão refinada. Eu disse acima que duas histórias de Pato Donald Extra! 3 eram ótimas, a outra “Sonhar, Talvez...” também tem a mesma característica de confundir realidade com ficção, que Van Horn explora muito bem, e de maneira hilária.



9 - Volta ao Mundo em 80 dias; 44 páginas, 1978;

Roteiro: ?
Desenho: Hector Adolfo de Urtiága
Arte-final: Carlos Valenti (?), Rubén Torreiro (?)

Não se sabe o roteirista dessa história, o desenhista não é famoso (trabalhou em várias histórias de “Pateta Faz História”), os arte-finalistas não são certos, essa é então uma homenagem a todos os autores menos ilustres que já trabalharam com os quadrinhos Walt Disney. Mentira, eu só coloquei essa história porque gosto muito dela, sendo uma das minhas favoritas já há muito tempo.

Pateta é Phileas Fog, criado no Clube dos Cavalheiros de Londres, e quando os ricaços estão discutindo se é possível um homem atravessar o mundo em 10 dias, ele se oferece para a façanha. Claro que todos riem diante da ideia, mas aceitam a aposta e o sócio Mickey vai com ele, para garantir. Eles devem então atravessar todo o mundo das maneiras mais improváveis.

Essa história é semelhante a “O Assistente de Jaques Crustáceo” eu gosto muito dela, sem saber propriamente explicar o porquê, o fato é que tanto esta como aquela tem teor puramente humorístico e faz isso com perfeição divertindo plenamente o leitor (eu, pelo menos). A diferença é óbvia: enquanto aquela história tinha 12 páginas, esta tem 44, com um roteiro muito mais completo. Ela também funciona bem como história de aventura, claro já que é baseada num livro de Julio Verne, mas sempre de maneira satírica, humorística, e diferentemente da história de Marco Rota e Paul Halas, muito mais voltada para o nonsense, com cenas totalmente inverossímeis e surreais. Creio que não serão todos a apreciá-la, mas, para mim ao menos, é uma excelente história.



10 - O Sovina Gastador; 20 páginas, 1964;

Roteiro: Carl Barks
Desenho: Carl Barks

Sei que eu já coloquei o Carl Barks na lista, entretanto ele é um gênio completo, capaz de fazer aventuras fantásticas em longas histórias, como “Perdido nos Andes”, e curtas e divertidíssimas histórias despretensiosas, como essa aqui (Está certo que essa não é tão curta, tem 20 páginas, mas ela é simples, e tem o único propósito de divertir). Como disse o Paulo Maffia em uma entrevista: Um Pelé!

Chega o Natal. Tio Patinhas tem sua habitual lista de compras (Para o Donald uma bola de tênis, para Huguinho, Zezinho e Luizinho três bolinhas de gude,...). Donald, porém, não pretende receber miséria esse ano, e arranja um raio hipnótico para obrigar o tio a lhe dar presentes fabulosos. Entretanto, em sua ausência, os meninos mudam a foto no raio para a de um cachorro em vez do pato atarracado. Após Donald dar cabo ao seu plano, tio Patinhas começa a sentir uma inexplicável necessidade de presentear o cachorro da duquesa de Patópolis que Donald havia fotografado. Ele acha inspiração para o dispendioso presente em uma antiga canção inglesa, e prepara-se para dar para o cachorro “doze tamborileiros tocando tambor, onze gaiteiros tocando suas gaitas, dez lordes saltitando” e assim por diante. Claro que Donald, pensando que o presente é para ele, tentará impedir.

Essa história tem tema natalino e isso também me influenciou afinal muitas histórias de Natal foram feitas com o universo Disney, e elas merecia uma representação aqui. Dentre as histórias natalinas Carl Barks produziu várias e ótimas histórias, e dentre elas, esta é a minha favorita.


Creio que está bom, por enquanto. Eu já falei bastante do Carl Barks na primeira parte da lista, e devo falar ainda mais em postagens futuras. Ficamos assim então. Devo Voltar quinta ou sexta-feira com uma parte de Clássicos da Literatura Disney (dessa vez, vai).

Até lá.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Mensais de Janeiro*

(*As revistas de linha da Disney publicadas pela editora Abril não trazem data no expediente.)

Eu sei que eu havia dito na última postagem que hoje eu escreveria mais uma parte dos reviews de Clássicos da Literatura Disney, entretanto as revistas mensais chegaram ontem aqui em casa e resolvi escrever sobre elas. Vamos lá:

Legenda da Avaliação: (*) Ruim, (**) Regular, (***) Bom, (****) Ótimo, (*****) Excelente;
 

Tio Patinhas n° 546



Tio Patinhas entra em uma das já manjadas disputas com Patacôncio, desta vez pelo controle do mercado das assinaturas de TV pagas. A principio Patacôncio leva vantagem já que seu canal possui maior diversidade, já que o canal do tio Patinhas só passa velhos filmes em preto-e-branco e programas políticos e econômicos. Entretanto quando, por acidente, os Metralhas, ao modificar um conversor digital experimental do Pardal, captam um sinal de transmissão alienígena, tio Patinhas o reproduz e ganha facilmente o mercado quando todos ficam fascinados, somente até, entretanto, os verdadeiros donos do sinal vierem reivindicá-los.

A arte dessa história não me apetece particularmente, ela é competente, bem detalhada e moderna, mas tem o traço escrachado italiano, que eu particularmente não gosto (acho que já disse isso por aqui antes). O roteiro é até criativo, e trata de um tema moderno, que são os conversores digitais, no entanto é pouco inspirado e não particularmente divertido. Uma história que acaba sendo bastante comum, na média (não muito elevada) das produções italianas.

Roteiro: Marco Bosco
Desenho: Andrea Freccero

Tio Patinhas apresenta um novo projeto de lucro, uma cidade ecológica totalmente auto-sustentável, projetada pelo engenheiro Aleixo Cante. Logicamente, ela produz a inveja do rival Patacôncio, bem como cobiça dos Metralhas e um desconhecido sentimento em Pardal, preterido em função do projeto mais barato de Aleixo. Quando a cidade nova começa a sofrer com misteriosos apagões e variação de energia, o engenheiro diz categoricamente que alguém a está sabotando, cabe então ao Superpato investigar.

Essa história é bastante semelhante à anterior, tanto que eu até confundi ao tentar fazer esse post pela primeira vez, tive que lê-las novamente. A arte, da mesma escola, é muito parecida, e o tema, voltado para uma tecnologia moderna e muito em voga, também semelhante, entretanto eu gostei muito mais dessa história do que da anterior. Ela não é nenhuma obra-prima, mas pelo menos tem um mistério até interessante, com um final criativo.
 
A Inversão Cósmica; 23 páginas, 1973;

Roteiro: Jerry Siegel
Desenho: Giancarlo Gatti

Tio Patinhas resolve fazer uma viagem espacial para encontrar grandes tesouros no espaço, depois de algumas semanas ele finalmente acha um planeta de ouro maciço e volta a Terra para registrar a descoberta, no entanto ao chegar aqui ele descobre que todos mudaram seus comportamentos ao avesso, assim ele deve contar com a ajuda dos Metralhas para proteger sua Caixa Forte dos guardas, dos policias e até do Pardal e do Donald, até que o efeito da nuvem de radiação responsável por essa inversão passe.

Uma história muito mais antiga que as outras duas, isso é claramente percebido na arte mais arcaica. No roteiro, entretanto, é que essa história é, de longe, a pior da edição. Jerry Siegel já é uma decepção, e essa história não contraria isso. Um roteiro muito fraco, sem graça, sem inspiração e nenhum embasamento cientifico. Sério, eu me pergunto como é que o Super-homem dura até hoje, com as primeiras histórias sendo escritas por um autor tão fraco.


Avaliação da Patranha: (**)
A edição do tio Patinhas desse mês saiu apenas regular, com uma história ruim (aliás, como todo mês desde começaram a publicar o Siegel) e duas medianas, sendo a que mais se destaca a do Superpato. É, quem diria, a pior das mensais de janeiro.


Zé Carioca N° 2355
 
 Zé Carioca X Alakibu; 6 páginas, 1978;

Roteiro: ?
Desenho: Carlos Edgard Herrero

A ANACOZECA planeja uma nova forma de cobrar o Zé Carioca, desta vez contratando um hipnotizador, chamado Alakibu, para obrigá-lo a pagar através do hipnotismo. Claro que a tarefa não vai ser fácil. Uma boa história, com bons desenhos e um roteiro muito simples e divertido, no melhor estilo Zé Carioca. Nada de mais tenho a dizer.


O Herói dos Superforas; 14 páginas, 1970;

Roteiro: ?
Desenho: Jack Manning

Superpateta prende o prof. Gavião e toda sua quadrilha, porém logo a seguir estraga um set de filmagem e atrapalha a rodagem de um filme por pensar que a atriz corria real perigo. Ciente disso Gavião bola um plano onde, transmitindo um sinal de rádio de dentro da cadeia (para não dizerem que histórias antigas não trazem temas atuais também), engana o Superpateta, para que ele cometa um erro atrás do outro e perca a confiança e assim, o Gavião possa dominar as ruas com sua gangue.

Essa história não é de todo ruim, estando na média das histórias do Superpateta publicada na revista do Zé Carioca, já que eu gosto bastante do personagem, a arte também é mediana, não se destacando de outras. O roteiro, entretanto, é cheio de falhas, como por exemplo, o Gavião entrando na cadeia com todo um arsenal bombas, transmissores e dinheiro, aposto que ele tinha cigarro e drogas também. Um sinal que aparentemente só o Superpateta capta, fora que, ao sair da cadeia, sem ter de enfrentar o Superpateta, o Gavião aterrorizou a cidade com um calhambeque e umas pistolas, onde estava a polícia nessa hora? Depender do Superpateta para tudo já é demais. Até erro de tradução houve, com o herói chamando o Coronel Cintra de Inspetor no primeiro quadro. Mas, fora esses detalhes, essa não é particularmente uma má história.

O Tesouro de Lampião; 14 páginas, 1961;

Roteiro: ? (será que esse tal de “?” foi homenageado nessa revista?)
Desenho: Jorge Kato

Mickey e Pateta viajam pelo Norte do Brasil (na história, pelo menos, está escrito Norte, mas creio que seja o Nordeste) guiados pelo Zé Carioca. Naquelas paragens, porém, eles encontram o Bafo e sua gangue, vestidos como cangaceiros, procurando o tesouro de Lampião. Rapidamente ele captura Mickey e Zé Carioca, e cabe ao Pateta descobrir onde está o tesouro e impedir os vilões de achá-lo.

Uma historia particularmente original, onde Pateta e Mickey contracenam com o Zé Carioca pelo interior do Brasil. É brasileira e bem antiga, e de grande interesse para mim, pelo menos. Ela em si também é boa, apesar de algumas incongruências e falhas no roteiro, a arte é bem arcaica, e diferente da das produzidas depois, mas é uma boa hstória.
Experiência Anterior; 5 páginas, 1974;


Peninha e Donald são, mais uma vez, demitidos da Patada e, impelidos pelo Ronron, procuram outro emprego. O problema é que mesmo para o cargo mais simples é necessário experiência. Eu gosto muito das histórias da Patada, com o Donald e Peninha repórteres, elas são muito divertidas e despretensiosas. E essa não foge à regra, ótima história, para mim a melhor do gibi.

Minhocas na Cabeça; 6 páginas, 1968;


Zé Carioca e Nestor pretendem vender barbatanas (sei lá o que é isso) para uma sociedade de parapsicodélicos, quando fica sabendo que eles dão 5 mil reais para quem der qualquer pista sobre outra civilização, e é claro que o Zé tentará levar esse prêmio. Mais uma boa e antiga história do Zé Carioca, desta vez mais simples e mais divertida, o único porém que eu levanto é o que diabos são as tais barbatanas que eles vendem?



Roteiro: ?
Desenho: Renato Canini

História simples de uma página com o Nestor e o Zé Carioca sobre manias. Divertida, fecha bem a edição.


Avaliação da Patranha: (***)
Esse mês, Zé Carioca volta a sua melhor fase (em minha opinião), mais antiga, com boas histórias curtas e muito divertidas. Por não ter nenhuma história que se destaque, entretanto, fica como bom, apenas.


Mickey N° 820
No Vale do Pica-pau Gigante, 36 páginas, 2007;

Roteiro: Casty
Desenho: Paolo Mottura

Ao limpar sua geladeira Pateta, junto ao Mickey, descobre, em uma caixa de sapato, o legado de um tio aventureiro: um ovo e um mapa que, aparentemente, leva ao ninho de uma espécie desconhecida de pica-pau gigante. Eles partem imediatamente para o Oregão, e contam com a ajuda de um guarda florestal esquecido, bem como a advertência de outro guarda, prontos para adentrar as florestas e fazer uma descoberta surpreendente

Assim como o Jerry Siegel, Casty também foi uma decepção. Ok, ele não foi uma decepção como o Siegel, porque embora suas histórias passassem longe das maravilhas prometidas, não são de todo ruins, apenas medianas. Essa história não vai apagar o desapontamento com ele até agora, mas é, sem dúvidas, a melhor história que eu li dele. O roteiro é bem feito, com um mistério bem construído, e um final não óbvio, ao contrário das outras histórias do Casty até aqui. Os desenhos são do estilo italiano, mas muito bem feito, e essa história tem lindos quadros de 2/3 de página. Casty ainda não é o rei do universo, mas pelo menos mostrou alguma qualidade nessa boa história.
 

Mickey Crusoé, 10 páginas, 2002;


Mickey e Butch (personagem, segundo o I.N.D.U.C.K.S., bastante antigo, mas que eu desconhecia) competem em um programa televisivo para ver quem consegue sobreviver melhor em uma ilha deserta, ao melhor estilo Robinson Crusoé. É o tipo história que embora já seja curta, podia ser muito mais, já que não tem nenhum grande roteiro e nem como humorística serve. Fraca, embora os desenhos sejam mais de acordo com o tipo que gosto.

Avaliação da Patranha: (**)
Casty foi uma surpresa positiva esse mês, comparado aos outros, entretanto por só haverem duas histórias nessa edição, uma delas muito fraca, a revista é regular.


Pato Donald N° 2390

A Origem da Princesa Oona; 12 páginas, 1995;


Após mais um dos ataques de raiva do Pato Donald, Margarida diz que ele é um neandertal. Para provar o contrário, ele aceita ir com o Pardal, em sua máquina do tempo, para a idade da pedra. Lá, após se desentender com os trogloditas, ele conhece a princesa da tribo, Oona, que rapidamente cai de amores por ele e concorda em ajudá-los a achar a máquina do tempo e voltar para casa.

Uma história histórica, sendo a primeira aparição de Oona, a garota das cavernas que apareceu em várias outras histórias por aqui (I.N.D.U.C.K.S.). O que todos perguntam: Porque demorou tanto? Porque deixaram de publicar a origem, mas sim várias histórias da personagem? Ainda mais se considerarmos que essa não deve nada a outras histórias da pata pré-histórica. É, na verdade, uma ótima história, com excelentes desenhos de Vicar, um dos meus mestres Disney favoritos, e uma boa trama, que aproveita muito bem as doze páginas, e é também muito divertida. Vai entender a cabeça de editor...
A Batalha dos Abelhudos, 10 páginas, 1998;


Dessa vez, Donald procura proteger suas belas flores para ganhar um prêmio de 500 patacas, enquanto o Silva usa abelhas mecanóides para fazer bastante mel. Claro que há conflito de interesses, e eles acabam se envolvendo em uma guerra, como sempre.

Uma história bastante simples, com o roteiro de Noel Van Horn (o primeiro dele que vejo, aliás) e arte de seu pai, Willian Van Horn. Uma história divertida e despretensiosa, boa como quase todas que envolvem as disputas entre os vizinhos, e com um brilho no final que o filho certamente deve ter aprendido com o pai.


Inverno Quente; 10 páginas, 2004;


Donald, Huguinho, Zezinho e Luisinho vão passar o inverno nas montanhas. Enquanto Donald só quer sentar-se perto da lareira e ler um livro, os sobrinhos querem brincar na neve. Quando, enjoados de todas as brincadeiras normais de inverno, os sobrinhos propõe surfar num antigo vulcão adormecido Donald relutante aceita. Mas será que ele ficará, de fato, adormecido? Mais uma boa história curta de Van Horn, um mestre fantástico nas histórias curtas. E essa não foge a regra.


A Saga do Capitão Trambolhão; 14 páginas, 2009;

Roteiro: Geoffrey Blum
Desenho: Carlos Mota

Tio Patinhas se vê em uma crise com sua editora de revistas, graças à internet. A solução, dizem seus consultores, é investir em nostalgia. Imediatamente, tio Patinhas manda Donald encontrar a lenda dos quadrinhos, o criador do capitão Trambolhão Cao Baque, do qual Donald é grande fã. O problema é que o velho artista é um eremita que detesta receber visitas, e Donald vai ter que usar o conhecimento adquirido nas histórias do capitão para conseguir seu objetivo.

Essa é minha história favorita de todas desse mês. Faz uma homenagem ao grande mestre Carl Barks, ironiza os quadrinhos e o mercado editorial de hoje em dia. É muito divertida, com um humor mais ácido, bem diferente do costumeiro das HQ’s Disney e ótimos desenhos do brasileiro Carlos Mota. Uma excelente história, que se destaca muito pela originalidade.


Avaliação da Patranha: (****)
A melhor, de longe, mensal de janeiro para mim. Com nenhuma história ruim, bastante Van Horn, que é um dos meus favoritos, e ainda Vicar em uma HQ histórica, e a melhor história. Pato Donald desse mês está ótima.