Hoje retorno com minhas matérias esporádicas, dessa vez com mais uma lista, a dos meus super-heróis Disney favoritos. Será só um top5 mesmo, porque escreverei bastante sobre cada um deles e também porque não tem tantos bons heróis assim. Vamos a eles:
5°- Vespa Vermelha
Criado em 1967 por Paul Murry e Cecil Beard, o Vespa Vermelha apareceu em apenas uma história feita no exterior, sendo depois ressuscitado pelos estúdios brasileiros em 1975, que produziu 23 histórias, a maioria acompanhado de outros personagens com ou sem o Clube dos Heróis. O Vespa não é, portanto, um personagem tão utilizado e famoso no Universo Disney.
Apesar disso coloco-o na lista por dois motivos: Primeiro, o fato de sua história de origem ser excelente, uma das melhores histórias de super-herói que eu já li da Disney. Segundo, por ele ser um personagem único nesse Universo, o que o torna notável. Ao contrário dos outros heróis dessa lista e mesmo de, praticamente, todo super-herói das histórias em quadrinhos Disney, o Vespa Vermelha não é o alter-ego de um personagem pré-existente, mas sim um vigilante de Patópolis que já surgiu como herói, tendo sua identidade desconhecida de todos.
Seus poderes, aparentemente, não são inerentes a sua própria pessoa, mas sim uma propriedade do seu uniforme e de alta tecnologia, embora isso nunca fique explicado propriamente, o fato do Mickey tê-lo substituído a altura quando ele foi seqüestrado sustenta essa hipótese. Outro fator característico do Vespa é a sua base, uma mansão escondida no meio de uma nuvem, que pode ser facilmente mudada de lugar, garantindo assim sua segurança.
O fato de ser um herói mais sério, não tão cômico, que não se encaixa tão bem para ser um personagem mais recorrente no Universo Disney, mas que por esse mesmo motivo por outro lado, o torna mais interessante que alguns outros heróis da Disney criados de qualquer maneira, em cima de um personagem já existente, a maioria das vezes de maneira desnecessária e pouco original.
4°- Morcego Verde
O alter ego do Zé Carioca foi criado pela dupla de ouro brasileira Ivan Saidenberg e Renato Canini, e ao longo da sua história sofreu algumas mudanças, tendo começado apenas como um devaneio de herói em uma história puramente cômica, até se tornar um verdadeiro vigilante da Vila Xurupita, claro que nunca deixando a parte humorística de lado. Sua origem se dá quando o Zé, ao ler uma revista do Morcego Vermelho, veste-se com um disfarce qualquer e resolve ser também um super-herói. Claro que sem equipamento ou poder algum, ele não pode fazer lá muita coisa.
Morcego permaneceu com esse formato de toca, óculos, roupas comuns coloridas e pouca capacidade, acrescido ocasionalmente de equipamentos muito especiais, como a mola do colchão do Nestor, por exemplo. Em 1994, com base no enorme sucesso dos filmes do Batman, ele sofreu uma reformulação completa. Suas histórias a partir daí passaram a se basear no verdadeiro e original Homem Morcego, com vários de seus personagens e características adaptados, como o comissário (delegado, na verdade) Porconi, o Moringa, o morcego-móvel, etc. O tom das histórias se tornou mais sombrio e (um pouco) mais sério, com histórias longas para os padrões brasileiros, e a tramas complexas, sem nunca, é claro, perder o tom satírico e irreverente. Sobre essa fase e reformulação o Thiago, do site Portallos, escreveu uma completa excelente matéria.
Embora as mudanças tenham sido grandes, certas características do personagem nunca mudaram. Mesmo nessa nova (agora, já velha) fase, o Morcego nunca possuiu realmente alguma tecnologia avançada, equipamentos realmente úteis e poderes, apenas gambiarras, tendo seus problemas resolvidos normalmente com astúcia, malandragem, alguma sorte e muita incompetência dos vilões. Outra característica do Morcego Verde que, embora humorística, seja, ironicamente, muito mais verossímil que muitos heróis sérios de verdade, é o fato de que sua identidade secreta seja, a contragosto, conhecida por todos.
Apesar de não ter lido tantas boas histórias do Morcego Verde e não ser um grande fã do personagem preferindo quando o Zé aparece sem capa e máscara, a premissa interessante do personagem e algumas características hilárias, fazem dele um herói único.
3°- Alter Egos do Peninha
Até aqui foram vistos apenas personagens que, embora interessantes e com suas particularidades, não são tão extensos ou de tão grande importância, e mesmo, não são personagens que faço tanta questão de ver aparecer de novo. Não é assim com a gama de personagens que constituem os alter egos do Peninha. Primeiro, porque são muitos entre Pena Kid, Morcego Vermelho e Pena Submarino. Segundo, que mesmo o número de história desses alter egos é mais significativa que a dos outros até aqui, fazendo com que essa versatilidade seja uma característica importante do personagem Peninha. Considerando o Peninha brasileiro, é claro.
A princípio pensei em falar apenas do Morcego Vermelho aqui por ser mesmo a faceta de super-herói, entretanto outras facetas, como o Pena das Selvas e os já citados Pena Submarino e Pena Kid são também baseados e agem essencialmente como herói. Além disso, deixando de falar deles, eu teria menos tema e poderia até soar repetitivo, uma vez que o Morcego Vermelho tem algumas características parecidas com as do Morcego Verde, mesmo com diferenças, como o fato de ter o apoio (relutante) do Coronel Cintra e ter a identidade desconhecida. Coisas que, a despeito de sua incompetência e situações cômicas, o torna mais próximo de outros heróis.
Não vou falar sobre cada um das outras facetas heróicas do Peninha, particularmente, cada uma tem suas próprias peculariedades e universo que talvez eu até possa tratar detalhadamente em algum post futuro. Por enquanto, interessa saber, que embora cada qual com o seu mundo, todos são o Peninha na essência, o pato bobo de atitudes inconseqüentes. Mas o que torna esse personagem tão bom para paródias?
Acredito que ele tenha as características certas para esses papéis, sendo ao mesmo tempo engenhoso e destemido (no sentido de se arriscar, não que ele não tenha medo) e atrapalhado e pouco esperto, ele é o herói perfeito para paródias, tantas. Aliás, quem serviria melhor que ele para isso no Universo Disney? Mickey é inteligente e sério demais, Donald é rabugento e temerosos demais, tio Patinhas, velho e esperto demais, Pateta não é tão engenhoso, além de já ter seu potencial cômico para personagens bem aproveitado na série “Pateta faz História.”
Gosto tanto desses personagens do Peninha que me senti tentado a subi-los um pouco de posição na lista, não o fiz primeiro porque também gosto muito dos que virão, embora algumas das melhores histórias sejam destes. Segundo, porque é covardia competir com meia dúzia de personagens. Por fim, ratifico que esses são uma excelente mostra da qualidade da produção brasileira.
2°- Superpato
Criado em 1969 pelos mestres italianos Guido Martina e Giovan Battista Carpi, com trama de Elisa Penna, Superpato é o mais estabelecido e importante herói Disney, com mais de 700 histórias e vários arcos, a maioria produzidas na Itália. Alter ego do Pato Donald, sua origem se dá quando o pato herda (rouba, na verdade) uma mansão que pertencia a um ladrão chamado Fantomius, ele resolve usar o uniforme e os apetrechos do ladrão para levar vantagem sobre o tio Patinhas e Gastão. Mais tarde, vale-se das invenções do Pardal para fazer justiça.
Assim como o Morcego Verde, o Superpato também passou por grandes mudanças ao longo da sua história, não foi, entretanto, uma reformulação ou mudanças súbitas e radicais, mas sim um amadurecimento gradual como herói. A princípio era praticamente uma extensão da personalidade do Donald, não um vigilante que procurava fazer o bem e trazer justiça. Ou melhor, fazia justiça sim, mas apenas na sua própria concepção, era apenas um instrumento para levar vantagem, se dar bem e humilhar seus opressores.
Passando, no meio do caminho, por histórias onde leva vantagem, pune Gastão e tio Patinhas ao mesmo tempo em que pega os verdadeiros bandidos, até se tornar um altruísta e abnegado super-herói. A personalidade do Superpato acaba se tornando diferente da do Donald original e é tomada, ás vezes, como sua verdadeira face, sendo o preguiçoso, rabugento, egoísta e inútil pato uma máscara para o herói.
Embora até admire essa evolução, devo admitir que prefiro muito mais o Superpato (e o Donald) original. Esse modelo de super-herói é bastante gasto em outros universos, e apesar da maioria dos heróis da Disney serem quase puramente cômicos, nenhum tem as características do Superpato original, que são também as características do Donald, todos são incompetentes e limitados, seja pelo intelecto, seja pela falta de capacidade e equipamento. Superpato não é assim, ele é competente, arguto, tem métodos, equipamentos que funcionam. Mas, sobretudo, sua originalidade está no caráter, na falta de escrúpulos, em usar esses poderes em vantagem própria. Claro que o Superpato moderno ainda mantém esses defeitos, mas amenizados como escape cômico e não como essência do personagem, o que faz, em minha opinião, com que o antigo Superpato seja muito mais interessante.
1°- Superpateta
Creio que muito poucos terão o mesmo gosto que eu, mas Superpateta é o meu super-herói Disney favorito. Criado em 1965 por Paul Murry e Bob Ogle, é sabido que o personagem tem três origens, mas não tratarei disso aqui, primeiro porque só possuo uma delas (por sorte, a mais aceita) e também porque isso já foi muito bem feito pelo Matheus Guarany no blog Edição Extra. Em sua forma final, o Superpateta se origina quando nasce um pé de superamendoins no quintal do Pateta, quando ele descobre que comendo um deles fica momentaneamente super forte, rápido, voa, etc, e resolve então combater o crime e os malfeitores, vestindo apenas roupa de baixo (uma ceroula peça única) e uma capa.
Superpateta não passou por grandes mudanças ou transformações desde sua origem (considerando a última, é claro), sendo essencialmente o mesmo personagem. Não possui, em minha opinião, tantas boas histórias quanto as criadas para os alter egos do Peninha, nem tantos arcos e universos quanto o Superpato. Ainda assim, eu o considero o herói Disney e a sátira de super-herói por excelência.
Primeiro, porque é realmente um super-herói, com mais recursos que qualquer outro. Na verdade o exagero de seus poderes é um fator cômico. Tudo, praticamente, que você imaginar, ele pode fazer. Super força, super velocidade, visão de calor, super audição, tevê-visão, super sopro, etc. Enquanto os outros se valem de equipamentos e uniformes de uma maneira – vá lá – mais verossímil, Superpateta ganha seus poderes ao consumir inexplicáveis e inexplicados super amendoins. E veste-se somente com sua roupa de baixo (um daqueles ceroulões, que são comuns em países mais frios) e uma capa. Ao contrário do Morcego Verde, e não utilizando máscaras como os outros heróis, Superpateta tem sua identidade secreta desconhecida de todos. É ainda mais exagerado o fato do rosto ser exatamente o mesmo, considerando que o nome também é o mesmo acrescido apenas de um super. Quer dizer, ele leva essa piada do não-reconhecimento do super-herói a um nível surreal.
Claro que não é só por causa das sátiras que eu gosto do Superpateta. Ele possui diversas excelentes histórias, sobretudo as americanas mais antigas. São histórias exatamente como eu gosto. Curtas, despretensiosas, bastante simples na aventura, mas com humor quase involuntário, nonsense. Além de histórias mais longas, ótimas, também, com uma boa trama de verdade, como, por exemplo, “Estranho Caso do Dr. Tictac”.
Termino dizendo que embora eu goste das histórias de super-herói Disney, elas não estão entre as minhas favoritas. Acho desnecessário, por exemplo, criar um herói para cada personagem já existente, como Superpata, Paladino Implacável, Borboleta Púrpura, etc. Em geral, prefiro os personagens como pessoas (animais) normais, em situações mais do cotidiano, ou então metidas em grandes aventuras, mas como gente normal. Ainda assim, posso apreciar uma boa história de herói, e elas podem ser muito bem feitas, como tantas vezes vimos durante essa postagem.