sexta-feira, 13 de maio de 2011

LISTA: Super-Heróis Disney Favoritos

Hoje retorno com minhas matérias esporádicas, dessa vez com mais uma lista, a dos meus super-heróis Disney favoritos. Será só um top5 mesmo, porque escreverei bastante sobre cada um deles e também porque não tem tantos bons heróis assim. Vamos a eles:



5°- Vespa Vermelha

Criado em 1967 por Paul Murry e Cecil Beard, o Vespa Vermelha apareceu em apenas uma história feita no exterior, sendo depois ressuscitado pelos estúdios brasileiros em 1975, que produziu 23 histórias, a maioria acompanhado de outros personagens com ou sem o Clube dos Heróis. O Vespa não é, portanto, um personagem tão utilizado e famoso no Universo Disney.

Apesar disso coloco-o na lista por dois motivos: Primeiro, o fato de sua história de origem ser excelente, uma das melhores histórias de super-herói que eu já li da Disney. Segundo, por ele ser um personagem único nesse Universo, o que o torna notável. Ao contrário dos outros heróis dessa lista e mesmo de, praticamente, todo super-herói das histórias em quadrinhos Disney, o Vespa Vermelha não é o alter-ego de um personagem pré-existente, mas sim um vigilante de Patópolis que já surgiu como herói, tendo sua identidade desconhecida de todos.

Seus poderes, aparentemente, não são inerentes a sua própria pessoa, mas sim uma propriedade do seu uniforme e de alta tecnologia, embora isso nunca fique explicado propriamente, o fato do Mickey tê-lo substituído a altura quando ele foi seqüestrado sustenta essa hipótese. Outro fator característico do Vespa é a sua base, uma mansão escondida no meio de uma nuvem, que pode ser facilmente mudada de lugar, garantindo assim sua segurança.

O fato de ser um herói mais sério, não tão cômico, que não se encaixa tão bem para ser um personagem mais recorrente no Universo Disney, mas que por esse mesmo motivo por outro lado, o torna mais interessante que alguns outros heróis da Disney criados de qualquer maneira, em cima de um personagem já existente, a maioria das vezes de maneira desnecessária e pouco original.



4°- Morcego Verde

O alter ego do Zé Carioca foi criado pela dupla de ouro brasileira Ivan Saidenberg e Renato Canini, e ao longo da sua história sofreu algumas mudanças, tendo começado apenas como um devaneio de herói em uma história puramente cômica, até se tornar um verdadeiro vigilante da Vila Xurupita, claro que nunca deixando a parte humorística de lado. Sua origem se dá quando o Zé, ao ler uma revista do Morcego Vermelho, veste-se com um disfarce qualquer e resolve ser também um super-herói. Claro que sem equipamento ou poder algum, ele não pode fazer lá muita coisa.

Morcego permaneceu com esse formato de toca, óculos, roupas comuns coloridas e pouca capacidade, acrescido ocasionalmente de equipamentos muito especiais, como a mola do colchão do Nestor, por exemplo. Em 1994, com base no enorme sucesso dos filmes do Batman, ele sofreu uma reformulação completa. Suas histórias a partir daí passaram a se basear no verdadeiro e original Homem Morcego, com vários de seus personagens e características adaptados, como o comissário (delegado, na verdade) Porconi, o Moringa, o morcego-móvel, etc. O tom das histórias se tornou mais sombrio e (um pouco) mais sério, com histórias longas para os padrões brasileiros, e a tramas complexas, sem nunca, é claro, perder o tom satírico e irreverente. Sobre essa fase e reformulação o Thiago, do site Portallos, escreveu uma completa excelente matéria.

Embora as mudanças tenham sido grandes, certas características do personagem nunca mudaram. Mesmo nessa nova (agora, já velha) fase, o Morcego nunca possuiu realmente alguma tecnologia avançada, equipamentos realmente úteis e poderes, apenas gambiarras, tendo seus problemas resolvidos normalmente com astúcia, malandragem, alguma sorte e muita incompetência dos vilões. Outra característica do Morcego Verde que, embora humorística, seja, ironicamente, muito mais verossímil que muitos heróis sérios de verdade, é o fato de que sua identidade secreta seja, a contragosto, conhecida por todos.

Apesar de não ter lido tantas boas histórias do Morcego Verde e não ser um grande fã do personagem preferindo quando o Zé aparece sem capa e máscara, a premissa interessante do personagem e algumas características hilárias, fazem dele um herói único.



3°- Alter Egos do Peninha

Até aqui foram vistos apenas personagens que, embora interessantes e com suas particularidades, não são tão extensos ou de tão grande importância, e mesmo, não são personagens que faço tanta questão de ver aparecer de novo. Não é assim com a gama de personagens que constituem os alter egos do Peninha. Primeiro, porque são muitos entre Pena Kid, Morcego Vermelho e Pena Submarino. Segundo, que mesmo o número de história desses alter egos é mais significativa que a dos outros até aqui, fazendo com que essa versatilidade seja uma característica importante do personagem Peninha. Considerando o Peninha brasileiro, é claro.

A princípio pensei em falar apenas do Morcego Vermelho aqui por ser mesmo a faceta de super-herói, entretanto outras facetas, como o Pena das Selvas e os já citados Pena Submarino e Pena Kid são também baseados e agem essencialmente como herói. Além disso, deixando de falar deles, eu teria menos tema e poderia até soar repetitivo, uma vez que o Morcego Vermelho tem algumas características parecidas com as do Morcego Verde, mesmo com diferenças, como o fato de ter o apoio (relutante) do Coronel Cintra e ter a identidade desconhecida. Coisas que, a despeito de sua incompetência e situações cômicas, o torna mais próximo de outros heróis.

Não vou falar sobre cada um das outras facetas heróicas do Peninha, particularmente, cada uma tem suas próprias peculariedades e universo que talvez eu até possa tratar detalhadamente em algum post futuro. Por enquanto, interessa saber, que embora cada qual com o seu mundo, todos são o Peninha na essência, o pato bobo de atitudes inconseqüentes. Mas o que torna esse personagem tão bom para paródias?

Acredito que ele tenha as características certas para esses papéis, sendo ao mesmo tempo engenhoso e destemido (no sentido de se arriscar, não que ele não tenha medo) e atrapalhado e pouco esperto, ele é o herói perfeito para paródias, tantas. Aliás, quem serviria melhor que ele para isso no Universo Disney? Mickey é inteligente e sério demais, Donald é rabugento e temerosos demais, tio Patinhas, velho e esperto demais, Pateta não é tão engenhoso, além de já ter seu potencial cômico para personagens bem aproveitado na série “Pateta faz História.”

Gosto tanto desses personagens do Peninha que me senti tentado a subi-los um pouco de posição na lista, não o fiz primeiro porque também gosto muito dos que virão, embora algumas das melhores histórias sejam destes. Segundo, porque é covardia competir com meia dúzia de personagens. Por fim, ratifico que esses são uma excelente mostra da qualidade da produção brasileira.



2°- Superpato

Criado em 1969 pelos mestres italianos Guido Martina e Giovan Battista Carpi, com trama de Elisa Penna, Superpato é o mais estabelecido e importante herói Disney, com mais de 700 histórias e vários arcos, a maioria produzidas na Itália. Alter ego do Pato Donald, sua origem se dá quando o pato herda (rouba, na verdade) uma mansão que pertencia a um ladrão chamado Fantomius, ele resolve usar o uniforme e os apetrechos do ladrão para levar vantagem sobre o tio Patinhas e Gastão. Mais tarde, vale-se das invenções do Pardal para fazer justiça.

Assim como o Morcego Verde, o Superpato também passou por grandes mudanças ao longo da sua história, não foi, entretanto, uma reformulação ou mudanças súbitas e radicais, mas sim um amadurecimento gradual como herói. A princípio era praticamente uma extensão da personalidade do Donald, não um vigilante que procurava fazer o bem e trazer justiça. Ou melhor, fazia justiça sim, mas apenas na sua própria concepção, era apenas um instrumento para levar vantagem, se dar bem e humilhar seus opressores.

Passando, no meio do caminho, por histórias onde leva vantagem, pune Gastão e tio Patinhas ao mesmo tempo em que pega os verdadeiros bandidos, até se tornar um altruísta e abnegado super-herói. A personalidade do Superpato acaba se tornando diferente da do Donald original e é tomada, ás vezes, como sua verdadeira face, sendo o preguiçoso, rabugento, egoísta e inútil pato uma máscara para o herói.

Embora até admire essa evolução, devo admitir que prefiro muito mais o Superpato (e o Donald) original. Esse modelo de super-herói é bastante gasto em outros universos, e apesar da maioria dos heróis da Disney serem quase puramente cômicos, nenhum tem as características do Superpato original, que são também as características do Donald, todos são incompetentes e limitados, seja pelo intelecto, seja pela falta de capacidade e equipamento. Superpato não é assim, ele é competente, arguto, tem métodos, equipamentos que funcionam. Mas, sobretudo, sua originalidade está no caráter, na falta de escrúpulos, em usar esses poderes em vantagem própria. Claro que o Superpato moderno ainda mantém esses defeitos, mas amenizados como escape cômico e não como essência do personagem, o que faz, em minha opinião, com que o antigo Superpato seja muito mais interessante.


 1°- Superpateta

Creio que muito poucos terão o mesmo gosto que eu, mas Superpateta é o meu super-herói Disney favorito. Criado em 1965 por Paul Murry e Bob Ogle, é sabido que o personagem tem três origens, mas não tratarei disso aqui, primeiro porque só possuo uma delas (por sorte, a mais aceita) e também porque isso já foi muito bem feito pelo Matheus Guarany no blog Edição Extra. Em sua forma final, o Superpateta se origina quando nasce um pé de superamendoins no quintal do Pateta, quando ele descobre que comendo um deles fica momentaneamente super forte, rápido, voa, etc, e resolve então combater o crime e os malfeitores, vestindo apenas roupa de baixo (uma ceroula peça única) e uma capa.

Superpateta não passou por grandes mudanças ou transformações desde sua origem (considerando a última, é claro), sendo essencialmente o mesmo personagem. Não possui, em minha opinião, tantas boas histórias quanto as criadas para os alter egos do Peninha, nem tantos arcos e universos quanto o Superpato. Ainda assim, eu o considero o herói Disney e a sátira de super-herói por excelência.

Primeiro, porque é realmente um super-herói, com mais recursos que qualquer outro. Na verdade o exagero de seus poderes é um fator cômico. Tudo, praticamente, que você imaginar, ele pode fazer. Super força, super velocidade, visão de calor, super audição, tevê-visão, super sopro, etc. Enquanto os outros se valem de equipamentos e uniformes de uma maneira – vá lá – mais verossímil, Superpateta ganha seus poderes ao consumir inexplicáveis e inexplicados super amendoins. E veste-se somente com sua roupa de baixo (um daqueles ceroulões, que são comuns em países mais frios) e uma capa. Ao contrário do Morcego Verde, e não utilizando máscaras como os outros heróis, Superpateta tem sua identidade secreta desconhecida de todos. É ainda mais exagerado o fato do rosto ser exatamente o mesmo, considerando que o nome também é o mesmo acrescido apenas de um super. Quer dizer, ele leva essa piada do não-reconhecimento do super-herói a um nível surreal.

Claro que não é só por causa das sátiras que eu gosto do Superpateta. Ele possui diversas excelentes histórias, sobretudo as americanas mais antigas. São histórias exatamente como eu gosto. Curtas, despretensiosas, bastante simples na aventura, mas com humor quase involuntário, nonsense. Além de histórias mais longas, ótimas, também, com uma boa trama de verdade, como, por exemplo, “Estranho Caso do Dr. Tictac”.



Termino dizendo que embora eu goste das histórias de super-herói Disney, elas não estão entre as minhas favoritas. Acho desnecessário, por exemplo, criar um herói para cada personagem já existente, como Superpata, Paladino Implacável, Borboleta Púrpura, etc. Em geral, prefiro os personagens como pessoas (animais) normais, em situações mais do cotidiano, ou então metidas em grandes aventuras, mas como gente normal. Ainda assim, posso apreciar uma boa história de herói, e elas podem ser muito bem feitas, como tantas vezes vimos durante essa postagem.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

MESTRES DISNEY: William Van Horn



Na volta ao blog, depois de alguns meses de coma, escreverei sobre um dos meus mestres Disney favoritos: William Van Horn.

Já escrevi ligeiramente sobre ele na segunda parte da minha lista de histórias favoritas, mas não custa lembrar como me tornei fã do americano. Em 2009 comprei casualmente a terceira edição de Pato Donald Extra!, que trazia três histórias dele. Duas delas eram tão boas que foram cruciais para eu ter voltado a comprar regularmente Quadrinhos Disney em banca. Ou seja, além de todo seu talento e excelentes histórias, tenho motivos pessoais a ser tão fã dele.

William Van Horn nasceu no dia 15 de fevereiro de 1939 (tem, portanto, 72 anos) em Oakland, Califórnia nos Estados Unidos. Estudou na California College of Arts, trabalhou com animação e livros infantis antes de começar a desenhar quadrinhos Disney em 1987, primeiro para a editora americana Gladstone e depois para a dinamarquesa Egmont. A principio ele trabalhou bastante com o escritor John Lustig, porém cada vez mais se tornou responsável por seus próprios roteiros. Vive em Vancouver no Canadá desde 1980.

As histórias de Van Horn costumam ser curtas, na maioria das vezes não passando de dez páginas, podem tratar de temas fantasiosos ou, mais normalmente, de cenas cotidianas, embora sempre com um toque nonsense e inesperado. Ele trabalha mais comumente com o Pato Donald, sendo este o protagonista de sua obra, quase sempre com seus sobrinhos Huguinho, Zezinho e Luisinho. Tio Patinhas, Pardal e seu personagem original, tio Patusco, também podem aparecer.
 
Van Horn tem um estilo característico tanto nos desenhos quanto nos roteiros. Seu traço é limpo, simples e às vezes pode parecer até descuidado, seus personagens são facilmente identificáveis, apresentando um estilo mais clássico, mas diferenciado com a assinatura do autor, com olhos e cabeças arredondados , pescoçudos e bicudos, além disso, costumam ser muito expressivos. O traço limpo, ainda, do artista favorece o movimento, e gags físicas. Eu, particularmente, não acho que o desenho seja a principal qualidade de Van Horn, apesar de gostar muito, e de seu talento ser inquestionável.

 
Acho, simplesmente, que é no roteiro que o verdadeiro gênio de Van Horn se manifesta. Suas histórias são simples, despretensiosas, ao contrário de Don Rosa, por exemplo, ele não se utiliza de impressionismo, tramas complexas e mais elaboradas. Ele imprime em poucas páginas seu humor característico, sua ironia crítica, situações, aventuras sempre de maneira sucinta e eficaz. Vou tentar explanar um pouco algumas características do autor:

1 – Fecho de Ouro: Da mesma maneira que os poetas clássicos, Van Horn sempre busca terminar suas histórias da melhor maneira possível, com uma piada, mais normalmente, uma síntese ou reflexão. Várias histórias dele, aliás, são escritas tendo em vista o final apenas, são como histórias-piada, desenvolve-se a trama para a piada do desfecho. Um exemplo que posso citar é a última história dele publicada, em Donald 2392, “No Calor do Momento”. Embora não faça nenhum sentido, é válida a piada para qual a trama foi construída.

2- Humor sarcástico: Eu acho que as histórias de Carl Barks e de Van Horn têm estilos bem diferentes (considero apenas as curtas, lógico) facilmente distinguíveis e identificáveis, mas uma coisa ao menos tem em comum: Um certo cinismo ao fazer críticas. Ambos artistas não seguem o bom mocismo e o politicamente correto de outros quadrinistas. Eu gosto de comparar duas histórias muito emblemáticas de seus autores, e que têm o mesmo tema, que servirão de exemplo: “A Batalha de Wendigo” de Don Rosa e “O Ecopato” de Van Horn. Enquanto a história de Keno é longa, complexa, sentimental e com uma lição de moral no final, William faz uma história simples, sarcástica e pertinaz, tratando sempre com humor do tema tão em voga.

Obs.: Não me entendam mal, não estou criticando Keno Don Rosa, que em seu estilo também é um gênio.

3 – Confusão Empírica: Um dos aspectos mais fascinantes recorrentes na obra de Van Horn é a confusão entre realidade e mundo das idéias, entre sonho e matéria. Embora ele continue fiel a sua simplicidade, ele não é nada simplório nesse aspecto, como acontece em outras histórias. Faz isso, na verdade, com uma maestria única, que só consigo demonstrar usando de exemplos. Para isso vem a calhar as duas ótimas histórias presentes em Pato Donald Extra! 3 do autor, das quais já falei antes:

A primeira, “O Detetive Durão”, fica inexplicável, cada vez mais complexa e densa, até se revelar simples no final, na transposição entre pensamento e realidade. Ainda no seu fecho de ouro usa de clara metalinguagem, transpondo para um mundo ainda mais real: o nosso. A segunda, “Sonhar, Talvez...”, utiliza-se do artifício desde o inicio, de maneira quase frenética, com um sonho dentro de um sonho dentro de um sonho etc. Usando o tempo todo de muito humor nonsense até o final, onde ainda não se tem certeza do que é real.


Poderia falar mais desse genial autor e de sua obra que abrange muitos outros aspectos, e outras características dele, como seu aparente gosto por dinossauros e abelhas, um certo receio a arte moderna e tecnologia... Mas, por enquanto, basta.

Só termino dizendo que não o considero o sucessor de Carl Barks, porque o vejo no mesmo nível do grande mestre em relação as histórias curtas. Claro que há de se considerar a grande versatilidade de Barks, esse gênio completo, e ainda sua incomensurável importância aos quadrinhos Disney (ou ainda, aos quadrinhos de modo geral), mas em se tratando apenas de histórias curtas, posso dizer sem medo que William Van Horn é o meu quadrinista Disney favorito de todos os tempos.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Diversos Assuntos Tratados na Entrevista com Paulo Maffia

Em primeiro lugar convém explicar a ausência na última semana e meia: eu estava viajando para a casa de alguns parentes para aproveitar minha provável última semana de férias. Dito isto posso começar...

Há algumas semanas atrás, foi anunciada uma entrevista com o editor Paulo Maffia a ser realizada, para a qual os leitores deveriam mandar perguntas. Na última sexta-feira, dia 28 de Janeiro, foi finalmente divulgada a entrevista no Youtube. Aqui está ela:




Vejo nessa, excelente oportunidade para falar sobre diversos assuntos de importância crucial para o momento dos quadrinhos Disney no Brasil, que naturalmente vem a tona, mas que eu não possuía conhecimento suficiente para debatê-los em postagens por si só. Aproveito o ensejo, portanto, para tratar desses diversos temas, separados por tópicos, não necessáriamente na ordem em que foram debatidos na entrevista. Naturalmente alguns temas serão rapidamente passados, enquanto outros levarão a uma discussão maior.



Subseção: Novidades e Possibilidades para 2011 (e 2012... e 2013...)

Almanaques:
Embora sem números finais, foram sucesso de venda e novos devem aparecer em 2011, no que depender do Maffia. Outros personagens podem ganhar volumes, como Maga Patalójika, Madame Min e os Escoteiros Mirins, por exemplo. Personagens mais obscuros como Havita e Banzé não devem aparecer por aqui. Acho ótimo que outros personagens apareçam mais. Não gosto particularmente desses citados, mas sou fã de Sir Lock Holmes, por exemplo, e adoraria que ele ganhasse um almanaque. (Além de que todos os fãs Disney merecem ver seus personagens favoritos aparecerem, pelo menos, de vez em quando.)

Disney Big Bimestral:
A primeira pergunta trata de um tema até bastante debatido, aumentar a periodicidade de uma das revistas mais bem-sucedidas da atualidade. Maffia responde que isso não vai acontecer agora, para não pesar no bolso dos leitores, e para abrir espaços para diversos especiais que estão sendo planejados. Duas coisas. Primeiro, concordo com ele, Disney Big é uma ótima revista, especialmente para o leitor casual (já que se baseia só em republicações recentes), mas é uma revista cara e grande para ser bimestral, além de não se aproveitar muito, porque se não, todo o arquivo que a revista usa, a saber, tudo publicado na última década, acabaria em algum ponto. Segundo, pelo visto há bastante especiais para esse ano, especiais estes que ele preferiu não revelar.

Mensais:
Não há a menor possibilidade de aumentarem o numero de páginas das revistas de linha esse ano. Casty será mais um ano o carro-chefe do Mickey, inclusive com uma história inédita do Indiana Pateta, para felicidade do Thiago, do Portallos (como não tenho particular interesse no personagem, embora já até tenha lido algumas boas histórias dele, isso não me diz muito respeito), além de Tron – O Legado, que deve aparecer na revista do Rato. Já disse algumas vezes que não sou fã do italiano, mas vamos ver, como assino, tenho que ler de qualquer maneira. Tio Patinhas não terá lombada quadrada. Ótimas histórias em todas as revistas de linha, segundo ele. Da minha parte espero que Pato Donald continue publicando, sobretudo, histórias dinamarquesas, e não italianas, mas ele nada disse a respeito.

Eis um ponto muito falado, o Zé Holandês. Paulo Maffia insiste que não publica as histórias por conta de sua qualidade baixa. A revista do Zé, portanto, continuam sendo apenas republicações. Quanto a isso nada posso falar, já que só li umas dessas histórias na vida (abaixo), e embora não seja nada demais, nada de memorável, também não achei puramente ruim. De qualquer forma, sou a favor da publicação de algumas, nem que seja a título de curiosidade. Se forem horríveis, os leitores reclamam, e o Paulo Maffia sai triunfante, afirmando que tinha razão. Quanto ao aniversário de 50 anos da revista do papagaio não haverá selo comemorativo, tampouco especial. O que será feito é a republicação de diversas histórias clássicas e raríssimas de Canini na mensal do Zé além de uma página especial com informações na mesma.


 


Especiais:

Não haverão mais publicações (pelo menos por enquanto) com o nome de mestres Disney na capa, devido ao desconhecimento do publico em geral (eu compraria um especial Van Horn feliz da vida, mas imagino que seria um fracasso de vendas, portanto entendo o ponto dele). Descartada para esses ano de 2011 a republicação da ótima saga da História de Patópolis, devido ao grande numero de especiais já nos planos, é possível que saia em 2012, segundo o Maffia. Deverá ser aproveitada uma versão que sairá na Itália esse ano. A saga do “Mistério dos Signos” foi descartada para esse ano. Nesse caso, o mais estranho é o motivo. Aparentemente Maffia achou que a história não envelheceu bem. Como não a li, não posso dar opinião quanto a sua qualidade, mas sei que queria ler história tão famosa. A Coleção Treasures, com DVDs já está confirmada para esse ano. Excelente notícia. A coleção com as obras do homem do rato, Floyd Gottfredson, que está sendo publicada na Itália deve pintar por aqui lá por 2013, já que deve ser uma coleção de luxo, cara (para livrarias).


Pura Risada com o Mickey e Minnie Pocket Love:
Minha pergunta, hehe. Paulo Maffia garantiu o sucesso das novas revistas, e também que esse público em potencial, crianças e meninas, está bem servido. Não concordo, pois embora as revistas de linha e os especiais sirvam bem para as crianças [inteligentes], acho que algo mais poderia ser feito para atrair esses públicos (que não álbum de figurinhas e livros de colorir).



Subseção: Outros Temas;

Produção Brasileira:
Outro ponto importantíssimo. Alguns o defendem sem restrições. Quase todos desejam a volta. Eu tenho alguns pensamentos a respeito. A principio, acho que voltar por voltar é tolice. Seria ótimo ter histórias inéditas brasileiras do Zé Carioca, mas se não fossem histórias de qualidade que diferença faz? Acho que teria de haver profissionais competentes para trabalhar, prontos a retomar dignamente a produção nacional, se não é melhor continuar com as republicações, mesmo, ou até importar as histórias holandesas, porque porcaria por porcaria, é melhor ficar com a mais baratinha.

De qualquer forma, imagino que até podem existir profissionais prontos, mas há a questão da viabilidade financeira, e é nesse ponto que Paulo Maffia alegra aqueles que sonham com o retorno. Ele não diz que vai acontecer, mas frente à chance zero de possibilidade que havia antes, ele deixa no ar palavras animadoras. Tudo depende da resposta dos leitores, se continuarem a responder positivamente como vêm fazendo, tudo é possível. Como ele diz, há três anos, quem imaginava uma coleção de quadrinhos Disney semanal de 40 volumes como a “Clássicos da Literatura Disney”.

Uma coisa que ele deixa claro, é que a Abril não pode deixar passar a excelente oportunidade gerada pelos grandes eventos que ocorrerão no nosso país nos próximos anos, a saber, as Olimpíadas e a Copa do Mundo. Ele fala em uma saga ou algo semelhante a ser exportado para a Itália, Dinamarca, etc. Isso é natural, naturalmente, uma vez que lógico que um dos maiores símbolos do Brasil no exterior, o Zé Carioca, não poderia ficar de fora de uma das décadas mais crucias para a história do Rio de Janeiro.


Disney nas Livrarias:
Paulo Maffia deixa claro que ele tem restrições com as livrarias, com encadernados e edições de luxo altamente custosas, prefere as opções mais democráticas. Concordo com ele apenas em parte nesse caso. Concordo no que diz respeito a ter preferência às produções mais humildes e democráticas, é sempre melhor ter os olhos voltados para os menos favorecidos, mas ao mesmo tempo acho que Abril poderia sem vender revistas Disney em livrarias, por dois motivos. Primeiro, vender em livraria não significa necessariamente custar caro, ser uma produção de luxo. Acho por exemplo que a coleção “Clássicos da Literatura Disney” poderia muito bem ser vendida em livrarias, mesmo não sendo de luxo e não custando caro. Segundo, embora eu apóie a escolha de preferir produções mais populares, não significa que os esnobes e os colecionadores dispostos a gastar devem ser deixados de lado. Pode-se muito bem equilibrar produções para os dois tipos de fã (com preferência para os populares). Por exemplo, acho que edições de luxo de capa dura de Carl Barks, mesmo custando os olhos da cara, venderiam que nem água. Acho que a Abril poderia voltar os olhos para esse mercado também.


Datas da Origem das Histórias:
Clássicos da Literatura Disney traz essa informação, mas o mesmo não ocorre no Disney Big, segundo Maffia, por uma questão de espaço. Essa resposta talvez tenha sido a que soou mais insultante a inteligência do espectador, parece, de fato, uma explicação bem insatisfatória, afinal é minúscula essa informação (02/1999, por exemplo). Mas sei lá.

Data no expediente nas Publicações de Linha:
Chega a questão que tantas pessoas tem clamado tão protuberantemente. Eu sinceramente não faço parte desses, claro que estaria tudo bem colocar o mês e o ano das edições nas mensais, mas não me parece uma questão tão crucial como para alguns. Ele, pelo menos, é bem sincero nesse caso. Explica que, por ser um país continental, a distribuição das revistas é setorizada, e elas não trazem data no expediente para não “confundir” o consumidor. Ou seja, para enganar o leitor desavisado, diria um crítico mais ácido. Como recebo as edições em dia (já que assino) e não me importo com a questão da data não direi isso. (Perdoem-me se, inadvertidamente, pareci egoísta.)



Impressão Final:

Achei uma boa entrevista. Ao contrário do que muitos dos fãs mais pessimistas de quadrinhos Disney previam, Paulo Maffia não fugiu dos assuntos mais polêmicos. Nem sempre deu respostas satisfatórias, é verdade, não revelou quase nada de novo que já não soubéssemos, e deu respostas pasteurizadas às vezes. Mas acho uma ótima iniciativa da Abril de abrir um canal de comunicação com os leitores, e esse foi um bom começo. Foi dito que novas entrevistas virão, ele pediu que lhe remetessem toda opinião, crítica, sugestão, etc. para ajudá-lo a saber o que desejamos, foi citada também uma reformulação no site da Abril Jovem, quem sabe com uma área mais especifica para os quadrinhos Disney, com lugar para a interação. Vamos ver, mas eu estou otimista para esse ano, e para os próximos.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Alguns Fatores Sobre o Mickey

Desde o principio da Patranha eu pretendia tratar desse tema, só não tive oportunidade (nem vontade) até agora. Acabou que esse post demorou menos para ficar pronto, e é até agora o menor que escrevi, acho que por não ser uma resenha nem lista, tratando-se de um único tema.

A questão é que o universo dos patos tem muito mais admiradores do que o do rato, sendo que alguns dos fãs sequer gostam do Mickey. Porque o Mickey é tão desprezado por alguns fãs de quadrinhos Disney? O primeiro pensamento que vem a mente é que, de fato, há menos boas histórias com o universo dele do que com o do Donald, por exemplo, mas isso também deve ser entendido com maior calma, afinal gosto é pessoal, e ambos problemas parecem ser complementares, a saber, se você não gosta de determinado personagem não gostará das suas histórias, e se não gosta de determinadas histórias não gostará de seu protagonista. É claro que esse post não propõe a ser uma resposta completa, mas apenas compilar alguns fatores. Vamos a eles:




1 – Carl Barks trabalhou com patos;

Só por causa dele? Antes que me chamem de vintage, que eu não dou atenção aos atuais artistas, bem não é verdade. Eu prefiro sim Carl Barks a qualquer outro quadrinista, mas sei valorizar obras de qualidade produzidas mais atualmente. Entretanto é inegável a grande influencia que o mestre tem no universo dos patos até hoje. Don Rosa, Vicar, Van Horn, Daan Jippes e vários outros grandes mestres foram influenciados marcantemente por Barks. Se acaso o mestre dos patos tivesse trabalhado e desenvolvido o universo do rato, é bem provável que todos esses seguidores tivessem feito o mesmo, tendo então muito mais gente de talento a trabalhar com o Rato.

Não é, então, só por causa de Barks, mais fundamentalmente por causa dele, que influenciou vários outros mestres. Não consigo, no entanto, sequer lamentar isso, afinal o que ele fez com o universo do pato é sensacional. Isso influenciaria sem dúvidas no caráter e na construção do personagem que é o Mickey. Afinal, Carl Barks tinha um humor satírico quase cínico, mas falarei mais disso mais adiante;



2 – O Mickey NÃO é engraçado;

Praticamente continuando do tópico anterior, Donald desde o principio já era um pato preguiçoso, e depois adquiriu o pavio curto, a falta de escrúpulos em conseguir o que quer. Ou seja, o pato é um verdadeiro anti-herói. Na maioria das histórias age de maneira desonesta, só se importa consigo mesmo, é o único personagem que pode começar uma história com a cidade toda correndo atrás dele raivosa, isso é comum e nem precisa de explicação. Pateta, ao contrário de Donald, é honesto e puramente bom, mas é um tolo. Falta-lhe inteligência, e é por isso que normalmente ele se mete em várias situações inesperadas. Tio Patinhas, para finalizar os exemplos, é um avarento, mesquinho, várias piadas podem ser construídas em cima de sua falta de generosidade e sua ganância. Já o Mickey... Bem, o Mickey é honesto, inteligente, bom moço, generoso, de bom coração. Ou seja, chatíssimo, não tem graça nenhuma. O Superman da Disney.

Aí temos algumas possibilidades. Uma é utilizar o Mickey em histórias humorísticas mesmo assim. Isso até pode ser feito, utilizando ele como contrapeso de outros personagens. Como por exemplo, correndo atrás das besteiras que o Donald e o Pateta fazem. A história “Volta ao Mundo em 80 Dias” da qual falei semana passada é um ótimo exemplo onde ele contrasta com o Pateta, sendo um homem (rato, desculpe) sensato que se encontra em situações inimagináveis. Às vezes ele é colocado como personagem principal de histórias curtas e de teor humorístico, isso é um erro, obviamente. Já que, ou se vai descaracterizar o personagem ou ele vai ficar totalmente desambientado. Ou os dois, o que ocorre com freqüência. Isso nos leva a outra possibilidade, que tratarei no próximo tópico;



3 – O Mickey só funciona bem em histórias mais sérias;

Aí é que está. O Mickey é um personagem descartável ou inútil? Pelo contrário, o Mickey é um excelente personagem. É sério, um dos mais inteligentes dos quadrinhos Disney (na prática, quer dizer, no dia-a-dia, não como os cientistas Pardal e Ludovico, por exemplo). Vemos a beleza do Universo Disney aí. É muito grande e variado, permite vários tipos de história. O Mickey não funciona bem em histórias curtas, mas não tem ninguém melhor nesse universo para colocar no meio de um grande mistério. Eu sou um grande fã de histórias de detetive, tenho todos os livros de Sherlock Holmes, e vários da Agatha Christie, e por tabela adoro histórias do Mickey de detetive quando bem feitas. Outro exemplo de história em que ele dá certo são histórias épicas. As histórias contidas na coleção Clássicos da Literatura Disney são ótimos exemplos, “O Inferno de Mickey” é uma das melhores histórias que eu já li. Histórias da série máquina do tempo, embora cheias de falhas e algumas legitimamente ruins, e da ótima série “Era uma vez na América” são bons exemplos também. Claro que isso leva ao ultimo fator;



4 – É mais difícil fazer uma boa história do Mickey;

Claro, porque embora não seja nada fácil fazer uma história curta, que seja genuinamente engraçada e interessante, não é fácil e deve contar com muito talento do roteirista, não dá pra negar que uma história grande que se proponha a ser mais séria, contar um mistério, ou descrever acontecimentos épicos, é muito mais difícil de fazer de maneira aprazível. É necessário inspiração, pesquisa e boas ideias. Na verdade, poucos são os autores, que conseguiram trabalhar por um longo tempo, de maneira agradável a todos os leitores, com o universo do rato. Uma menção honrosa a dupla Fallberg/Murry, que produziu por anos e anos excelentes histórias de mistério e aventura com o Mickey. Acho que são hoje a única unanimidade entre os fãs de quadrinhos Disney com o rato, já que até mesmo os maiores desdenhadores do Mickey apreciam suas obras.

É certo que também existem péssimas histórias curtas do Donald e do Zé Carioca, mas esses personagens têm carisma para segurar um roteiro não tão inspirado, já o Mickey todo seu carisma encontra-se em seu talento para detetive, ou de solucionador de problemas de modo geral, e se um mistério ou problema tem uma solução fácil de mais, inverossímil, que ofende a inteligência do leitor, ele se torna inútil e irritante, com o seu pedantismo, falando descobertas que até uma criança de seis anos teria observado. Deve ser por isso que só o Pateta anda com ele. O Mickey só se torna interessante quando o roteiro possibilita problemas onde o rato seja realmente necessário, onde a inteligência dele se destaque (sem agir como clarividente por outro lado). Normalmente essas são ótimas histórias. Ele também pode ser usado em histórias que são tão épicas que os personagens perdem importância, como “O Inferno de Mickey”.



Para terminar, só lamento que esse incrível personagem seja tão mal utilizado na maior parte do tempo. Que poucos autores atuais e de outrora tenham conseguido aproveitá-lo bem, utilizando suas qualidades em histórias interessantes, ao invés disso deixando sua falta de carisma estragar histórias curtas ou fazendo grandes, porém pouco inspiradas histórias longas, gerando até mesmo o desdém de alguns leitores. E espero que surjam novos artistas que tratem bem e saibam fazer boas histórias com o universo do rato. Casty, a principio, foi uma decepção completa, mas a última história dele que li era boa e ainda espero mais dele (como eu assinei tenho que ter esperança nisso).

Que venham bons tempos para o rato!

sábado, 15 de janeiro de 2011

Clássicos da Literatura Disney - Parte 4

Finalmente, depois de um mês e meio volto ao projeto original do blog. A coleção Clássicos da Literatura Disney continua avançando, de 20 volumes originalmente a coleção terá 40, e eu ainda estou no 9, com meu novo método de manter a rotina, o ritmo que eu estava (3 volumes por postagem) demoraria mais 10 semanas para revisar todos. A principio pensei em desistir disso, porém, para não deixar nada pela metade (ou em ¼), resolvi acelerar o ritmo e revisar 6 volumes por semana e gastar metade do tempo então. É natural então, que, por tabela, os reviews fiquem menores e menos detalhados (menos o da primeira história que eu já tinha escrito há muito tempo, em novembro daquele ano). Comecemos:

Legenda da Avaliação: (*)Ruim, (**)Regular, (***)Bom, (****) Ótimo, (*****)Excelente.


  
Volume 10 – Cruzadas

Donald Furioso; 64 páginas, 1966;


É época de colheita no sítio da vovó Donalda, e a família Pato vai toda ajudar, inclusive o pato Donald que, com sua habitual preguiça, troca o trabalho por uma boa soneca debaixo de um carvalho, acompanhado pelo Gansolino. A bruxa Vanda, que passava por ali, resolve dar uma lição nos dois, e os transporta para o passado, para a era dos paladinos, para a França governada pelo rei Pato Magno (encarnado pelo tio Patinhas). Donald, habituando-se rapidamente a época, deve fazer grandes feitos para agradar o rei, insatisfeito com a sua inatividade, e depois de enganado pela bruxa Vanda, emprega-se na grande missão de salvar a princesa Margarida Angélica do terrível Basilisco e sua legião de monstros. Com a ajuda da bruxa Vanda ele consegue, mas é passado para trás por seu escudeiro Gansolino, e perde o juízo, transformando-se em um ser de pura fúria. Ao mesmo tempo desses acontecimentos, um gigantesco exército de metralhas do oriente cerca o castelo, e pato Magno deve recorrer ao enlouquecido paladino para livrá-lo como última opção. Minha opinião favorável a esta história foi meio na contramão da opinião da comunidade disneyana do Brasil (Está bem, a comunidade do Orkut, ok?), eu fui um dos poucos que realmente gostaram da história, e não vejo porque não gostaria. Ela não tem o nível de excelência de outras histórias publicadas até aqui, como “As Viagens de Marco Polo” e “Guerra e Paz” (sendo estas produções posteriores), mas achei essa uma ótima e divertida história, com desenhos muito bem feitos e um roteiro bem escrito, que prioriza as situações cômicas e exageradas, como a seqüência em que o Pardal vai ler a carta de convocação para o Donald e ele, raivoso, arranca a árvore e parte para cima do galo. É uma história que realmente não prima pelo rigor científico e que contém muitas gags físicas e violentas antigas.


A Lâmpada do Paladino, 21 páginas, 1990;


Nessa história é aniversário do tio Patinhas, e ele é convidado para jantar com a Brigite. Para passar o tempo até à hora de ir ele resolve ler um livro sobre paladinos e cavaleiros que ganha dos sobrinhos Zezinho, Huguinho e Luizinho, porém o milionário acaba dormindo durante a leitura e sonha que ele mesmo é um paladino errante, que deve buscar um grande tesouro. Eu não gostei dos desenhos dessa história, não são bem feitos, nem inspirados, a mesma coisa com o roteiro, que ainda se aproveita o tempo todo de rimas pobres e piadas manjadas. Uma história facilmente esquecível, portanto.


Patópolis Libertada, 67 páginas, 1967;


Donald, junto de seus sobrinhos, vai passar um tempo acampando para fugir do trabalho, já que o tio Patinhas está construindo um grande projeto secreto. No tempo programado para a inauguração ele volta para Patópolis, porém não consegue entrar na cidade, porque uma cúpula invisível a cerca, graças aos Metralhas que tomaram controle da cidade com as próprias surpresas do tio Patinhas, e comandados pelo Bafo. Com a ajuda de Mickey e Pateta, que haviam ido voar em um inverossímil dragão mecânico, o pato se propõe a libertar sua cidade. Essa história tem altos e baixos, em minha opinião. Por um lado, o argumento é bem criativo, e a história tem alguns bons momentos de humor mais antigo, também a interação entre o universo do rato e do pato funciona bem aqui. Por outro, há vários furos aqui (esconder todo o dinheiro embaixo de uma prisão que aparentemente era bem fácil de escavar parece uma tolice das grandes), com embasamento científico mínimo, e alguns personagens com sua pior faceta (como os sobrinhos sabe-tudo e perfeitinhos, o Mickey bonzinho e bobo, embora ele apresente uma faceta vingativa pouco comum). Afinal, eu acho uma boa história, levando-se em conta sua antiguidade.

Avaliação da Patranha: (****)
Eu posso ser o único a ter gostado desse volume, mas fazer o que? Eu gostei tanto da primeira história quanto da última, a menor eu não gostei, mas passa batido, já que se aproveita o Volume quase todo. 



Volume 11 - Dom Quixote

Dom Quixote, 81 páginas, 1956;


Aqui, Dom Quixote em pessoa, do céu, observa os homens de hoje em dia e lamenta que não haja mais heróis nem grandes feitos. Ele resolve enviar seu escudo para que ache seu digno sucessor e o escudo acaba indo parar nas mãos do Pato Donald, que imediatamente é tomado pela missão do cavaleiro da triste figura e, andando pelos arredores de Hollywood, onde se encontrava, acaba realmente fazendo jus as loucuras de seu antecessor. Uma história muito antiga, que, assim como as outras que apareceram por aqui, tem várias gags e piadas físicas que não são costumeiras nas histórias atuais. Os desenhos não são tão bem feitos, mas a história é interessante com participações especiais de vários personagens Disney. Não é uma excelente história, mas é boa para essa coleção, por ser inédita e uma boa história antiga.


Os Mistérios Da Selva Negra; 48 páginas, 1991;

Roteiro: Bruno Sarda
Desenho: Giampiero Ubezio

Nessa aventura, Mickey faz o papel de Mik-Key, um jovem criado nas selvas indianas por Patetimuri (Pateta) que resolve salvar Minnie (Minnie mesmo), de uma seita secreta de dançarinos, os Tugues. Gostei particularmente dessa história, tanto pela linha de ação bem escrita, o qual, não cheguei a ler o livro que inspirou,
porém segundo o texto introdutivo do volume, é bastante semelhante a ele, quanto pelo fato de ele não se levar nada a sério, sendo uma visão divertida e satírica Disney da história. Uma ótima história, por fim, do universo do rato.


Dom Gansote e Sancho Pena; 12 páginas, 1983;


Gansolino é Dom Gansote, um nobre preguiçoso e glutão, que só acorda para comer tortas de Dulcegansa. Quando ela é raptada pelo cavaleiro negro, cabe então ao cavaleiro andante e a seu escudeiro Sancho Pena, o inesperadamente mais capacitado personagem da história Peninha. A primeira história brasileira da coleção não é a minha história favorita entre as sátiras do Peninha, prefiro muito mais “Pena Spartacus” ou “As Aventuras de Pen-Hur”, porém essa aqui é uma boa história, que exemplifica bem o talento dos artistas brasileiros, e o típico humor dessa terra. (E viram como os reviews ficaram menores?)

Avaliação da Patranha: (***)
Três boas histórias de diferentes tipos, sendo uma brasileira, nenhuma, entretanto, se destaca sendo ótima.Um volume apenas bom, portanto.



Volume 12 - 20.000 Léguas Submarinas

O Mistério do Nautilus; 55 páginas, 1992;

Roteiro: Giorgio Pezzin
Desenho: Franco Valussi

Mickey e Pateta se deparam com um mistério em uma viagem a França, em um museu no norte do país, onde antigamente era a casa de Julio Verne, encontram um diário escrito pelo famoso escritor, e nele uma foto onde os dois aparecem. Eles utilizam a máquina do tempo de Marlin e do Professor Zapotec para voltarem à época de Verne e resolverem o mistério. Embora a solução final para o mistério seja interessante, a história de modo geral não me agradou, em parte por não seguir regras básicas de viagem no tempo, já que eles voltam por causa deles mesmos que já estiveram no passado. Os desenhos também não são a melhor demonstração da escola italiana, e o roteiro não é inspirado, excetuando talvez o final. Uma história regular.

20.000 Léguas Submarinas; 34 páginas, 1955;

Roteiro: ?
Desenho: Frank Thorne

Essa história é uma quadrinização de um filme de 1954 dos estúdios Walt Disney, que por sua vez é uma adaptação do livro. Portanto eu poderia fazer aqui uma pequena sinopse, porém não vou fazê-lo, se você ainda não o leu, faça esse favor para si mesmo. Quanto à história, houve grande polêmica entre os fãs de quadrinhos Disney, muitos execraram a presença de uma história com personagens humanos em vez dos bichos antropomórficos a que estamos acostumados. Eu por um lado, concordo. Preferia que toda coleção trouxesse apenas a turma de Patópolis (ou do Rio, etc), por outro essa é uma excelente história (pelos méritos do filme e do livro, que seja) a melhor do volume, e por ser boa assim (embora nessa edição, muito mal colorida) acho que fizeram bem em incluí-la.


20.000 Ligas Submarinas; 37 páginas, 1975;

Roteiro: Massimo Marconi
Desenho: Luciano Gatto

Donald é literalmente seqüestrado pelo tio Patinhas e pelos seus sobrinhos para ajudá-los a encontrar 20.000 maquinas feitas de uma liga secreta. Os Metralhas, chefiados por Patacôncio, porém, estão em seu encalço, com o intuito de roubarem as ligas, isso enquanto o próprio Donald não estraga tudo. Uma história longa demais para seu pouco conteúdo, se gasta tempo demais com piadas manjadas do Donald fugindo do trabalho para no final o próprio atrapalhar todo o objetivo. Ou seja, um clichê.


Aventuras Submarinas; 7 páginas, 1969;

Roteiro: Dick Kinney
Desenho:
Jack Bradbury
Arte-final:
Steve Steere

Os irmãos tramóia são os vilões dessa história. Aqui eles abrem o dique de uma cidade que eu acho que não é Patópolis, embora o Pateta more ali, enchendo a cidade de água. O Pateta come então um superamendoim e transmutado no Superpateta vai salvar a cidade. Eu já disse que eu gosto do Superpateta e de suas histórias antigas, e essa é uma ótima história, que ainda fala de problemas importantes de nossa sociedade, como infra-estrutura, urbanização, enchentes e criminalidade. Sem essa intenção, talvez. Ok, é uma história despretensiosa e tem a única intenção de divertir, por isso é ótima.


Azar Real; 9 páginas, 1989;

Roteiro: ?
Desenho: Irineu Soares Rodrigues

A Segunda história brasileira da coleção, desta vez com o Pena Submarino. No palácio real submerso, o rei Pena caminha de madrugada, quando por acidente quebra o espelho real, o que gera uma praga sobre as plantações de alga do reino, que só a bruxa do mar (Min) pode curar. Mais uma boa história da escola brasileira, simples e divertida. Só gostaria de destacar a boa colorização dessa edição. Ficou ótima.

Avaliação da Patranha: (***)
Embora a primeira não seja muito inspirada e a terceira história não tenha me agradado nem um pouco, a história com humanos salva um pouco o volume junto com as ótimas curtas.



Volume 13 - A Divina Comédia

O Inferno de Mickey; 73 páginas, 1949;

Roteiro: Guido Martina
Desenho: Angelo Bioletto

Mickey e Pateta são hipnotizados por um amigo do Bafo durante uma apresentação da Divina Comédia, o que faz eles pensarem que são de fato Dante (Mickey) e Virgílio (Pateta). Vão então à biblioteca estudar o livro, e acabam mergulhando de fato numa jornada fantástica pelos nove círculos do Inferno Dantesco, a maneira Disney é claro. Essa é uma história fantástica, grande, pretensiosa, genial, com participações de praticamente todos os personagens Disney. Com piadas e cenas que dificilmente apareceriam em histórias modernas, com gente sendo queimada em óleo fervente, furados, devorados, etc. É de fato, inexplicável que ela, feita em 1949, tenha demorado tanto para chegar ao Brasil. Mas é exatamente ela que faz uma coleção dessas valer à pena.




Margarida Polenta casa-se com o rico, porém cruel, Pato Pocatesta (tio Patinhas), porém sentimental e suspirando de amor, sonha em encontrar outro homem (ou pato). Uma história estranha, curta demais, inexplicável, que acaba de repente, fica meio perdida entre as outras duas gigantes e ótimas histórias dessa revista. Apenas fecha o número de páginas, mas será que não teria uma opção melhor?


O Inferno De Donald; 57 páginas, 1987;


Donald está estressado com os engarrafamentos, incendiários, vizinhos insensíveis, burocratas, poluidores, etc, etc. Seus sobrinhos então resolvem mandá-lo num relaxante passeio de barco, descendo o rio. Para entretê-lo durante a campanha mandam o livro “A Divina Comédia” para que ele leia. Durante a leitura o pato acaba dormindo e sonha que ele mesmo acaba no rio Caronte em direção ao inferno. Outra ótima história, não tão épica e bem feita quanto a primeira desse volume, mas de qualquer forma uma história memorável, que atenua bem mais os terrores infernais (satirizando-os) do que a primeira, colocando os erros dos quais Donald queixava-se sendo severamente punidos no Inferno.

Avaliação da Patranha: (*****)
Mais um excelente volume. Uma mediana história fica meio perdida entre as ótimas, sobretudo a primeira, adaptações do Inferno Dantesco.



Volume 14 - A Guerra dos Mundos

A Guerra dos Mundos, 60 páginas, 1987;


A história faz uma paródia do livro de H. G. Wells quase literal, porém logicamente bastante amenizada para os padrões Disney. Mickey é o narrador, e ao lado de Pateta, o primeiro a ver os alienígenas chegando, foge pela Inglaterra enquanto procuram um modo de deter a ameaça espacial. Apesar de aproveitar o enredo original e ter umas boas sacadas na adaptação infantil (como na resolução final), essa história não me agradou muito. Acho que por isso mesmo, é infantil demais, bobo mesmo. Não é uma história que caia tão bem para leitores mais velhos (e para falara a verdade, nem tanto para crianças também). Uma história passável, para dizer o mínimo.


Os Marcianos Estão Chegando; 9 páginas, 1983;

Roteiro: ?
Desenho: Irineu Soares Rodrigues

Biquinho invade a central de rádio de Patópolis, disposto a brincar de Buck Rogers (ou Buck Borges), como os radialistas haviam esquecido os microfones ligados, ele transmite para toda Patópolis um alerta de emergência, pois os marcianos haviam invadido a terra, gerando caos e confusão em toda a cidade. A terceira história brasileira da coleção (e essa é a última vez que falo o numero da história brasileira) é muito divertida e simples como as outras, com excelentes desenhos.



Roteiro: Don Rosa
Desenho: Don Rosa

Tio Patinhas recebe uma encomenda do Pólo Sul, um meteorito, que logo se revela equipamento alienígena. Ao mexer, inadvertidamente, nas peças do meteorito, tio Patinhas acaba liberando uma força que faz a caixa forte tomar vôo e ir para o espaço, e ele logo se prontifica a segui-la, e acaba descobrindo uma família de aliens. Uma história de Don Rosa, onde a graça é os terráqueos fazerem o papel de alienígenas. Os desenhos são ótimos como sempre quando se trata de Rosa, porém uma coisa negativa não da história, mas da edição, foi a primeira página dela que saiu borrada em todos os volumes. Um erro ridículo. De resto uma boa história.


A Ajuda que Veio do Espaço; 9 páginas, 1987;

Trama: Lars Enoksen
Roteiro: Tom Anderson
Desenho: Vicar

Donald está num dia habitual, irritou o tio Patinhas gastando seu dinheiro, esqueceu do encontro com a Margarida e de contribuir com os escoteiros, logo todos estão atrás dele furiosos. Ele se esconde na praça, e acaba sendo substituído por um ET com o seu corpo. Uma boa história curta, com o excelente traço do Viçar. Eu admito que gosto muito mais de histórias despretensiosas e divertidas assim que grandes sagas italianas, ou mesmo grandes projetos de 20 páginas de Don Rosa.




Pardal cria um detonador do tempo, enquanto o tio Patinhas está planejando maneiras de lucrar com isso, Donald acaba ativando uma super-bomba e para se livrar dela manda-a para a pré-história. Claro que Pardal alerta-o para a possibilidade dele a História, acabando com a vida no planeta, e manda-o junto com Huguinho, Zezinho e Luisinho para o passado achar a bomba e livrar-se dela. O roteiro dessa história não é dos melhores, é cheio de furos, sem embasamento científico nenhum, embora tenha alguma criatividade no argumento. Para começar, o que uma ultra-bomba fazia no laboratório do Pardal, ele estava trabalhando para o governo, alguma potência estrangeira, terroristas? Segundo, se eles mandando a bomba para o passado criaram uma mudança no tempo, como é que a mudança que eles criaram depois já tinha acontecido (explodir a lua)? Os desenhos também não me agradaram, não conheço esse desenhista, mas não gostei do seu traço. Afinal, a história poderia ser boa, mas erros demais irritam e estragam o resultado final.

Avaliação da Patranha: (***)
Boas histórias curtas, inclusive uma de Don Rosa, salvam esse volume da mediocridade de sua história de abertura.



Volume 15 - Viagem ao Centro da Terra

Viagem ao Centro da Terra; 58 páginas, 1984;

Roteiro: Fabio Michelini
Desenho: Guido Scala

Tio Patinhas está doente, o médico diagnostica uma melancolia profunda causada pela nostalgia de outros tempos, quando o velho pato percorria o mundo em buscas de tesouros. Ao saberem os sobrinhos propõe a busca de um tesouro no subsolo, e eles partem para uma mina abandonada na Escócia, ao penetrarem nas recônditas profundezas da mina e continuarem cavando encontram um longo buraco por onde eles caem indo parar no mesmo rio subterrâneo onde os personagens de Julio Verne estiveram. Uma história meio boba também, como o carro chefe da edição anterior, embora um pouco superior aquela, em minha opinião.

A Volta ao Mundo em 70 dias; 49 páginas, 1996;

Roteiro: Carlo Gentina
Desenho: Luciano Gatto

Essa história se passa pouco depois de Phileas Fogg completar a volta ao mundo em 80 dias, em um clube de Londres, onde Gastão desafia Donald para que ele complete a volta em 70 dias. Ele aceita a aposta e parte junto ao professor Pardal, que oferece ajuda no seu barco auto-sustentável. Embora não justifique as 49 páginas essa é uma boa história, que se usa da mesma solução genial do romance de Julio Verne, só que ao contrário, para o Pato Donald se dar mal, como de costume. Só mais uma observação, não faria diferença para Donald ou mesmo para Fogg, ir para Leste ou Oeste, tendo em vista a questão do fuso. O que muda é apenas a observação de quem está viajando, já que para quem vai para o Oeste, os dias são um pouco mais longos já que se viaja no mesmo sentido que o sol, e o contrário para quem viaja para Leste, os dias são mais curtos. É uma coisa óbvia, eu sei, mas a história faz essa confusão.


A Fonte de Verne; 30 páginas, 2009;

Roteiro: Carlo Panaro
Desenho: Valerio Held

Mais uma história da série Máquina do Tempo. Aqui prof. Zapotec encontra o diário de Júlio Verne, e uma passagem que cita uma fonte de inspiração gera seu interesse, ao que ele manda prontamente Mickey e Pateta para investigar. Uma boa história, embora nada tenha de mais. Os desenhos são muito bons dentro da escola italiana e é uma das histórias mais recentes da coleção. O final não é dos mais originais, na verdade é extremamente batido dentro dessa série.

Avaliação da Patranha: (**)
Três histórias regulares apenas, com a melhor (A Volta ao Mundo em 70 dias) tendo um argumento furado. Na minha lista coloquei uma história que poderia ser aproveitada nesse volume.


Me sinto até envergonhado de ter saído da minha rotina pré-determinada logo no quarto post, mas a questão é que desde quinta estou escrevendo. Estive meio ocupado lendo e resolvendo umas questões e só hoje pude finaliza-lo à duras penas. Farei o possível para não atrasar e sair da rotina daqui por diante.