terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Diversos Assuntos Tratados na Entrevista com Paulo Maffia

Em primeiro lugar convém explicar a ausência na última semana e meia: eu estava viajando para a casa de alguns parentes para aproveitar minha provável última semana de férias. Dito isto posso começar...

Há algumas semanas atrás, foi anunciada uma entrevista com o editor Paulo Maffia a ser realizada, para a qual os leitores deveriam mandar perguntas. Na última sexta-feira, dia 28 de Janeiro, foi finalmente divulgada a entrevista no Youtube. Aqui está ela:




Vejo nessa, excelente oportunidade para falar sobre diversos assuntos de importância crucial para o momento dos quadrinhos Disney no Brasil, que naturalmente vem a tona, mas que eu não possuía conhecimento suficiente para debatê-los em postagens por si só. Aproveito o ensejo, portanto, para tratar desses diversos temas, separados por tópicos, não necessáriamente na ordem em que foram debatidos na entrevista. Naturalmente alguns temas serão rapidamente passados, enquanto outros levarão a uma discussão maior.



Subseção: Novidades e Possibilidades para 2011 (e 2012... e 2013...)

Almanaques:
Embora sem números finais, foram sucesso de venda e novos devem aparecer em 2011, no que depender do Maffia. Outros personagens podem ganhar volumes, como Maga Patalójika, Madame Min e os Escoteiros Mirins, por exemplo. Personagens mais obscuros como Havita e Banzé não devem aparecer por aqui. Acho ótimo que outros personagens apareçam mais. Não gosto particularmente desses citados, mas sou fã de Sir Lock Holmes, por exemplo, e adoraria que ele ganhasse um almanaque. (Além de que todos os fãs Disney merecem ver seus personagens favoritos aparecerem, pelo menos, de vez em quando.)

Disney Big Bimestral:
A primeira pergunta trata de um tema até bastante debatido, aumentar a periodicidade de uma das revistas mais bem-sucedidas da atualidade. Maffia responde que isso não vai acontecer agora, para não pesar no bolso dos leitores, e para abrir espaços para diversos especiais que estão sendo planejados. Duas coisas. Primeiro, concordo com ele, Disney Big é uma ótima revista, especialmente para o leitor casual (já que se baseia só em republicações recentes), mas é uma revista cara e grande para ser bimestral, além de não se aproveitar muito, porque se não, todo o arquivo que a revista usa, a saber, tudo publicado na última década, acabaria em algum ponto. Segundo, pelo visto há bastante especiais para esse ano, especiais estes que ele preferiu não revelar.

Mensais:
Não há a menor possibilidade de aumentarem o numero de páginas das revistas de linha esse ano. Casty será mais um ano o carro-chefe do Mickey, inclusive com uma história inédita do Indiana Pateta, para felicidade do Thiago, do Portallos (como não tenho particular interesse no personagem, embora já até tenha lido algumas boas histórias dele, isso não me diz muito respeito), além de Tron – O Legado, que deve aparecer na revista do Rato. Já disse algumas vezes que não sou fã do italiano, mas vamos ver, como assino, tenho que ler de qualquer maneira. Tio Patinhas não terá lombada quadrada. Ótimas histórias em todas as revistas de linha, segundo ele. Da minha parte espero que Pato Donald continue publicando, sobretudo, histórias dinamarquesas, e não italianas, mas ele nada disse a respeito.

Eis um ponto muito falado, o Zé Holandês. Paulo Maffia insiste que não publica as histórias por conta de sua qualidade baixa. A revista do Zé, portanto, continuam sendo apenas republicações. Quanto a isso nada posso falar, já que só li umas dessas histórias na vida (abaixo), e embora não seja nada demais, nada de memorável, também não achei puramente ruim. De qualquer forma, sou a favor da publicação de algumas, nem que seja a título de curiosidade. Se forem horríveis, os leitores reclamam, e o Paulo Maffia sai triunfante, afirmando que tinha razão. Quanto ao aniversário de 50 anos da revista do papagaio não haverá selo comemorativo, tampouco especial. O que será feito é a republicação de diversas histórias clássicas e raríssimas de Canini na mensal do Zé além de uma página especial com informações na mesma.


 


Especiais:

Não haverão mais publicações (pelo menos por enquanto) com o nome de mestres Disney na capa, devido ao desconhecimento do publico em geral (eu compraria um especial Van Horn feliz da vida, mas imagino que seria um fracasso de vendas, portanto entendo o ponto dele). Descartada para esses ano de 2011 a republicação da ótima saga da História de Patópolis, devido ao grande numero de especiais já nos planos, é possível que saia em 2012, segundo o Maffia. Deverá ser aproveitada uma versão que sairá na Itália esse ano. A saga do “Mistério dos Signos” foi descartada para esse ano. Nesse caso, o mais estranho é o motivo. Aparentemente Maffia achou que a história não envelheceu bem. Como não a li, não posso dar opinião quanto a sua qualidade, mas sei que queria ler história tão famosa. A Coleção Treasures, com DVDs já está confirmada para esse ano. Excelente notícia. A coleção com as obras do homem do rato, Floyd Gottfredson, que está sendo publicada na Itália deve pintar por aqui lá por 2013, já que deve ser uma coleção de luxo, cara (para livrarias).


Pura Risada com o Mickey e Minnie Pocket Love:
Minha pergunta, hehe. Paulo Maffia garantiu o sucesso das novas revistas, e também que esse público em potencial, crianças e meninas, está bem servido. Não concordo, pois embora as revistas de linha e os especiais sirvam bem para as crianças [inteligentes], acho que algo mais poderia ser feito para atrair esses públicos (que não álbum de figurinhas e livros de colorir).



Subseção: Outros Temas;

Produção Brasileira:
Outro ponto importantíssimo. Alguns o defendem sem restrições. Quase todos desejam a volta. Eu tenho alguns pensamentos a respeito. A principio, acho que voltar por voltar é tolice. Seria ótimo ter histórias inéditas brasileiras do Zé Carioca, mas se não fossem histórias de qualidade que diferença faz? Acho que teria de haver profissionais competentes para trabalhar, prontos a retomar dignamente a produção nacional, se não é melhor continuar com as republicações, mesmo, ou até importar as histórias holandesas, porque porcaria por porcaria, é melhor ficar com a mais baratinha.

De qualquer forma, imagino que até podem existir profissionais prontos, mas há a questão da viabilidade financeira, e é nesse ponto que Paulo Maffia alegra aqueles que sonham com o retorno. Ele não diz que vai acontecer, mas frente à chance zero de possibilidade que havia antes, ele deixa no ar palavras animadoras. Tudo depende da resposta dos leitores, se continuarem a responder positivamente como vêm fazendo, tudo é possível. Como ele diz, há três anos, quem imaginava uma coleção de quadrinhos Disney semanal de 40 volumes como a “Clássicos da Literatura Disney”.

Uma coisa que ele deixa claro, é que a Abril não pode deixar passar a excelente oportunidade gerada pelos grandes eventos que ocorrerão no nosso país nos próximos anos, a saber, as Olimpíadas e a Copa do Mundo. Ele fala em uma saga ou algo semelhante a ser exportado para a Itália, Dinamarca, etc. Isso é natural, naturalmente, uma vez que lógico que um dos maiores símbolos do Brasil no exterior, o Zé Carioca, não poderia ficar de fora de uma das décadas mais crucias para a história do Rio de Janeiro.


Disney nas Livrarias:
Paulo Maffia deixa claro que ele tem restrições com as livrarias, com encadernados e edições de luxo altamente custosas, prefere as opções mais democráticas. Concordo com ele apenas em parte nesse caso. Concordo no que diz respeito a ter preferência às produções mais humildes e democráticas, é sempre melhor ter os olhos voltados para os menos favorecidos, mas ao mesmo tempo acho que Abril poderia sem vender revistas Disney em livrarias, por dois motivos. Primeiro, vender em livraria não significa necessariamente custar caro, ser uma produção de luxo. Acho por exemplo que a coleção “Clássicos da Literatura Disney” poderia muito bem ser vendida em livrarias, mesmo não sendo de luxo e não custando caro. Segundo, embora eu apóie a escolha de preferir produções mais populares, não significa que os esnobes e os colecionadores dispostos a gastar devem ser deixados de lado. Pode-se muito bem equilibrar produções para os dois tipos de fã (com preferência para os populares). Por exemplo, acho que edições de luxo de capa dura de Carl Barks, mesmo custando os olhos da cara, venderiam que nem água. Acho que a Abril poderia voltar os olhos para esse mercado também.


Datas da Origem das Histórias:
Clássicos da Literatura Disney traz essa informação, mas o mesmo não ocorre no Disney Big, segundo Maffia, por uma questão de espaço. Essa resposta talvez tenha sido a que soou mais insultante a inteligência do espectador, parece, de fato, uma explicação bem insatisfatória, afinal é minúscula essa informação (02/1999, por exemplo). Mas sei lá.

Data no expediente nas Publicações de Linha:
Chega a questão que tantas pessoas tem clamado tão protuberantemente. Eu sinceramente não faço parte desses, claro que estaria tudo bem colocar o mês e o ano das edições nas mensais, mas não me parece uma questão tão crucial como para alguns. Ele, pelo menos, é bem sincero nesse caso. Explica que, por ser um país continental, a distribuição das revistas é setorizada, e elas não trazem data no expediente para não “confundir” o consumidor. Ou seja, para enganar o leitor desavisado, diria um crítico mais ácido. Como recebo as edições em dia (já que assino) e não me importo com a questão da data não direi isso. (Perdoem-me se, inadvertidamente, pareci egoísta.)



Impressão Final:

Achei uma boa entrevista. Ao contrário do que muitos dos fãs mais pessimistas de quadrinhos Disney previam, Paulo Maffia não fugiu dos assuntos mais polêmicos. Nem sempre deu respostas satisfatórias, é verdade, não revelou quase nada de novo que já não soubéssemos, e deu respostas pasteurizadas às vezes. Mas acho uma ótima iniciativa da Abril de abrir um canal de comunicação com os leitores, e esse foi um bom começo. Foi dito que novas entrevistas virão, ele pediu que lhe remetessem toda opinião, crítica, sugestão, etc. para ajudá-lo a saber o que desejamos, foi citada também uma reformulação no site da Abril Jovem, quem sabe com uma área mais especifica para os quadrinhos Disney, com lugar para a interação. Vamos ver, mas eu estou otimista para esse ano, e para os próximos.

4 comentários:

  1. Post equilibrado e sensato como poucas vezes vi nos últimos tempos, Denis. Considero excelente a sua avaliação e o parabenizo pelo blog.

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  2. Obrigado, Cesar.

    Agradeço muito o comentário e os elogios.

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  3. Olá, boa tarde! Eu gostei da entrevista. É muito utopia pensar que a Editora Abril vai simplesmente abrir as pernas para todos nós fazrmos o que bem querermos com ela. A entrevista foi válida, sim, todos os questionamentos mais importantes estava lá, inclusive alguns assuntos que sempre aparecem em cada entrevista que o Paulo Maffia dá por aí. Portanto, não tenho do que reclamar. Infelismente algumas respostas realmente não eram as que gostaríamos de ouvir, mas foram respondidas, sim... todas elas.
    Abraços. Até a próxima.
    FabianoCaldeira.

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  4. Olá Denis, parabéns pelo post, seus comentários e ponderações são sempre bem quilibrados e consistentes. Muito boa a iniciativa da entrevista, e que outras venham. Da minha parte, estarei aguardando os especiais, torcendo pelos almanaques e prestigiando as mensais. Abraços.

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