quinta-feira, 14 de abril de 2011

MESTRES DISNEY: William Van Horn



Na volta ao blog, depois de alguns meses de coma, escreverei sobre um dos meus mestres Disney favoritos: William Van Horn.

Já escrevi ligeiramente sobre ele na segunda parte da minha lista de histórias favoritas, mas não custa lembrar como me tornei fã do americano. Em 2009 comprei casualmente a terceira edição de Pato Donald Extra!, que trazia três histórias dele. Duas delas eram tão boas que foram cruciais para eu ter voltado a comprar regularmente Quadrinhos Disney em banca. Ou seja, além de todo seu talento e excelentes histórias, tenho motivos pessoais a ser tão fã dele.

William Van Horn nasceu no dia 15 de fevereiro de 1939 (tem, portanto, 72 anos) em Oakland, Califórnia nos Estados Unidos. Estudou na California College of Arts, trabalhou com animação e livros infantis antes de começar a desenhar quadrinhos Disney em 1987, primeiro para a editora americana Gladstone e depois para a dinamarquesa Egmont. A principio ele trabalhou bastante com o escritor John Lustig, porém cada vez mais se tornou responsável por seus próprios roteiros. Vive em Vancouver no Canadá desde 1980.

As histórias de Van Horn costumam ser curtas, na maioria das vezes não passando de dez páginas, podem tratar de temas fantasiosos ou, mais normalmente, de cenas cotidianas, embora sempre com um toque nonsense e inesperado. Ele trabalha mais comumente com o Pato Donald, sendo este o protagonista de sua obra, quase sempre com seus sobrinhos Huguinho, Zezinho e Luisinho. Tio Patinhas, Pardal e seu personagem original, tio Patusco, também podem aparecer.
 
Van Horn tem um estilo característico tanto nos desenhos quanto nos roteiros. Seu traço é limpo, simples e às vezes pode parecer até descuidado, seus personagens são facilmente identificáveis, apresentando um estilo mais clássico, mas diferenciado com a assinatura do autor, com olhos e cabeças arredondados , pescoçudos e bicudos, além disso, costumam ser muito expressivos. O traço limpo, ainda, do artista favorece o movimento, e gags físicas. Eu, particularmente, não acho que o desenho seja a principal qualidade de Van Horn, apesar de gostar muito, e de seu talento ser inquestionável.

 
Acho, simplesmente, que é no roteiro que o verdadeiro gênio de Van Horn se manifesta. Suas histórias são simples, despretensiosas, ao contrário de Don Rosa, por exemplo, ele não se utiliza de impressionismo, tramas complexas e mais elaboradas. Ele imprime em poucas páginas seu humor característico, sua ironia crítica, situações, aventuras sempre de maneira sucinta e eficaz. Vou tentar explanar um pouco algumas características do autor:

1 – Fecho de Ouro: Da mesma maneira que os poetas clássicos, Van Horn sempre busca terminar suas histórias da melhor maneira possível, com uma piada, mais normalmente, uma síntese ou reflexão. Várias histórias dele, aliás, são escritas tendo em vista o final apenas, são como histórias-piada, desenvolve-se a trama para a piada do desfecho. Um exemplo que posso citar é a última história dele publicada, em Donald 2392, “No Calor do Momento”. Embora não faça nenhum sentido, é válida a piada para qual a trama foi construída.

2- Humor sarcástico: Eu acho que as histórias de Carl Barks e de Van Horn têm estilos bem diferentes (considero apenas as curtas, lógico) facilmente distinguíveis e identificáveis, mas uma coisa ao menos tem em comum: Um certo cinismo ao fazer críticas. Ambos artistas não seguem o bom mocismo e o politicamente correto de outros quadrinistas. Eu gosto de comparar duas histórias muito emblemáticas de seus autores, e que têm o mesmo tema, que servirão de exemplo: “A Batalha de Wendigo” de Don Rosa e “O Ecopato” de Van Horn. Enquanto a história de Keno é longa, complexa, sentimental e com uma lição de moral no final, William faz uma história simples, sarcástica e pertinaz, tratando sempre com humor do tema tão em voga.

Obs.: Não me entendam mal, não estou criticando Keno Don Rosa, que em seu estilo também é um gênio.

3 – Confusão Empírica: Um dos aspectos mais fascinantes recorrentes na obra de Van Horn é a confusão entre realidade e mundo das idéias, entre sonho e matéria. Embora ele continue fiel a sua simplicidade, ele não é nada simplório nesse aspecto, como acontece em outras histórias. Faz isso, na verdade, com uma maestria única, que só consigo demonstrar usando de exemplos. Para isso vem a calhar as duas ótimas histórias presentes em Pato Donald Extra! 3 do autor, das quais já falei antes:

A primeira, “O Detetive Durão”, fica inexplicável, cada vez mais complexa e densa, até se revelar simples no final, na transposição entre pensamento e realidade. Ainda no seu fecho de ouro usa de clara metalinguagem, transpondo para um mundo ainda mais real: o nosso. A segunda, “Sonhar, Talvez...”, utiliza-se do artifício desde o inicio, de maneira quase frenética, com um sonho dentro de um sonho dentro de um sonho etc. Usando o tempo todo de muito humor nonsense até o final, onde ainda não se tem certeza do que é real.


Poderia falar mais desse genial autor e de sua obra que abrange muitos outros aspectos, e outras características dele, como seu aparente gosto por dinossauros e abelhas, um certo receio a arte moderna e tecnologia... Mas, por enquanto, basta.

Só termino dizendo que não o considero o sucessor de Carl Barks, porque o vejo no mesmo nível do grande mestre em relação as histórias curtas. Claro que há de se considerar a grande versatilidade de Barks, esse gênio completo, e ainda sua incomensurável importância aos quadrinhos Disney (ou ainda, aos quadrinhos de modo geral), mas em se tratando apenas de histórias curtas, posso dizer sem medo que William Van Horn é o meu quadrinista Disney favorito de todos os tempos.

6 comentários:

  1. Valeu Denis, por fazer o blog voltar a publicar excelentes matérias. Senti falta!

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  2. Oi Denis, que bom ter voltado. Suas matérias são muito legais e centradas. Estarei acompanhando... Abs. Paulo

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  3. Valeu, Sergio e Paulo.

    Agradeço muito o incentivo.

    Não posso prometer nada, porque estou realmente muito ocupado esse ano (que prestarei vestibular) então não garanto que sempre terão matérias aqui.

    Esse texto comecei a escrever na aula de redação, hehe. Mas sempre que puder, postarei alguma coisa.

    Agradeço de novo, Denis.

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  4. Que bom que o blog deu uma ressuscitada. Ok, o tema não me é muito convidativo já que não escondo de ninguém que não gosto do "Buzina". Mas ver um fã escrever sobre um ídolo é sempre legal.
    Parabéns.

    Ps. essa é a 1ª vez que estou vendo o rosto do Horn...

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  5. Oi, Denis! Vi na lista de Blogs disponiblizada no Socialziando que você tinha feito uma atualização e resolvi conferir e que bela postagem, hein, cara! Parabéns!!!

    Eu também gosto muito de William Van Horn, acho que as histórias dele são muito divertidas e nos passam algumas pequenas lições sem serem muito mastigadinhas. Essa história do ECOPATO eu ri muito, achei uma das melhores ultimamente.

    Uma outra história muito bacana é uma que está na revista do Tio Patinhas onde saiu aquela história de Don Rosa que fala sobre a gravidade, se não me falha a memória, o nome dela é Além das Fronteiras do Tempo, mas é preciso checar a revista para ver se é este nome mesmo. É uma trama muito boa onde Patinhas, Donald e Prof. Pardal vão ao espaço e conhecem uma civilização bastante especial.

    Um abração! Espero voltar aqui com mais frequência.

    FabianoCaldeira.

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  6. Que postagem legal,ainda bem que seu Bog resucitou.

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