Para inicio de Blog resolvi avaliar e discorrer sobre todos os volumes de Clássicos da Literatura Disney lançados até aqui. Esta é uma coleção especial semanal lançada para comemorar os 60 anos da revista Pato Donald, publicada pela editora Abril, a princípio deveriam ser lançados 20 volumes, entretanto com o sucesso de vendagem esse número foi ampliado para 30, e posteriormente para 40;
Para não demorar muito, pois a coleção já está no volume 25, e lançando, começarei com os três primeiros:
Legenda da Avaliação: (*)Ruim, (**)Regular, (***)Bom, (****) Ótimo, (*****)Excelente.
Legenda da Avaliação: (*)Ruim, (**)Regular, (***)Bom, (****) Ótimo, (*****)Excelente.
Volume 1: Os Três Mosqueteiros
Os Três Mosqueteiros; 63 páginas, 1957;
Roteiro: Guido Martina
Desenhos: Pier Lorenzo De Vita
Nunca antes publicada no Brasil, essa história é um clássico do pioneiro mestre italiano Guido Martina. Nela Donald assume o papel do gascão D’Artagnan e depois de se unir a seus sobrinhos Hugo Atos, Luís Aramis e José Portos e a seu tio, o Capitão Trintevilles, vivido pelo tio Patinhas é recrutado pela rainha da França para uma missão secreta. A história é muito boa, embora tenha algumas diferenças para as produzidas mais atualmente, já que ela é 1957, ainda nos primórdios dos quadrinhos Disney italianos. Nela nota-se, por exemplo, gags mais físicas que não são costumeiras hoje em dia, porém naquela época eram bastante comuns, é só comparar um desenho antigo, por exemplo, o (ótimo) Pica-pau doidão com sua versão moderna, o (lixo) novo Pica-pau. Quanto a arte, a história pode realmente parecer estranha, já que ainda não era tão caprichada. Entretanto, ainda que pareça meio displicente e com uma técnica menos refinada, ela faz bem o seu papel, principalmente nas já mencionadas gags físicas presentes na trama. O roteiro é diferente dos modernos como não deveria deixar de ser. Porém ao contrário do desenho, isso é bom. Nessa história, por exemplo, há elementos que devido à praga do politicamente correto não veríamos hoje. Como o Pato Donald bêbado, uma princesa que, bem... Não é muito feminina, digamos... Entre outros elementos. Além disso, as mais de 60 páginas permitem um bom desenvolvimento do roteiro, que é bem criativo e engraçado; É uma boa história, que devido ao fato de nunca antes ter sido publicada aqui e as suas grandes diferenças para com o modelo das que são atualmente publicadas casa perfeitamente com a coleção.
O Máscara de Ferro, 26 páginas, 1984;
Roteiro: Frank Gordon Payne
Desenho: Francesc Bargadà Studio
Desenho: Francesc Bargadà Studio
Outra história inédita no Brasil, porém muito diferente da anterior, a começar pela ambientação. Essa não é uma paródia, mas passa em Patópolis com o Donald contando a história do Máscara de Ferro para os sobrinhos, com Gastão assumindo o papel do rei Luís/Felipe, Tio Patinhas como o ministro do Interior, Patacôncio como o inescrupuloso ministro das finanças e o próprio Donald como o heróico (ele puxa bastante a sardinha para o próprio lado) D’Artagnan. Essa história é dos anos 80, e percebe-se uma melhora considerável no traço. A história não é clássica, nem tão grande como a anterior, porém é divertida e despretensiosa. Não é uma pérola, mas fecha bem o número de páginas da edição.
O Capitão Fracasso, 60 páginas, 1967;
Roteiro: Guido Martina
Desenho: Romano Scarpa
Arte-final: Giorgio Cavazzano
Desenho: Romano Scarpa
Arte-final: Giorgio Cavazzano
Há quem goste de uma boa mistura de personagens Disney. Eu não gosto, só gosto dos personagens de Patópolis, detesto as histórias com personagens de filmes da Disney. Ou melhor, poderia até gostar com um bom roteiro, entretanto não é o caso dessa história, o roteiro é pouco inspirado e sem muita graça. Aqui Donald para ajudar uma dama em perigos, a saber, a Branca de Neve que, enfeitiçada por uma bruxa, ficou cega, atravessa uma série de provações e testes a sua bondade e bravura. Embora eu goste do Donald como herói, acho que ele assim tão valente foge um pouco do personagem, além de que fica bem menos divertido do que o atrapalhado e medroso de sempre. A arte é do mestre Romano Scarpa, porém é bem inferior a algumas das produções posteriores do desenhista. Mas realmente não gosto nem um pouco dessa história, principalmente porque ela me lembra uma das maiores abominações que eu já li em um almanaque Disney, isso: http://coa.inducks.org/story.php?c=I+TL+1777-A. Credo!
Avaliação da Patranha:
Esse volume possui uma história clássica e ótima, que faz uma boa adaptação disneyana da obra original, uma história mediana com viés de boa que encaixa bem, porém fecha com uma história verdadeiramente ruim. O saldo final é bom, pela história inicial. Nota (***).
Volume 2: A Ilha do Tesouro
A Ilha do Tesouro, 60 páginas, 1959;
Trama: Luciano Bottaro
Roteiro: Carlo Chendi, Luciano Bottaro
Desenho: Luciano Bottaro
Roteiro: Carlo Chendi, Luciano Bottaro
Desenho: Luciano Bottaro
Outra história bem antiga, essa tem o traço consideravelmente melhor que a “Os Três Mosqueteiros”, embora ainda bastante inferior tecnicamente que as produzidas mais tarde. Nessa história um fantasma pirata chamado Corsárius leva Donald e os sobrinhos para o passado, para viverem uma verdadeira aventura de piratas. Eles acordam na casa do pirata e acham seu mapa do tesouro, porém tio Patinhas, na pele do vilão da história, o chefe dos piratas, rouba o mapa, a partir daí eles correm para cima e para o baixo para recuperar o mapa, achar o tesouro e salvar os meninos. O roteiro dessa história não é tão bem construído e é ligeiramente confuso, as gags antigas (como o mostro sendo perfurado por bolas de canhão) estão presentes em menor número que na outra história cinqüentenária publicada até aqui na coleção, e o roteiro não justifica 60 páginas. Entretanto as boas piadas espalhadas por toda a trama fazem essa ser uma boa história, embora talvez fosse melhor se tivesse menos páginas e menos rodeios no roteiro.
Marujos Intrépidos, 30 páginas, 1996;
Roteiro: Guido Scala
Desenho: Guido Scala
Desenho: Guido Scala
Essa é uma história com uma lição de moral. Mostra o Donald como Harvey, um sobrinho preguiçoso do tio Cheney (vivido, é lógico, pelo tio Patinhas). Ele é mandado para um curso de “eficiência aplicada”, para aprender a trabalhar, mas no caminho uma tempestade lança-o no mar, junto dos sobrinhos, e ele acaba sendo recolhido por um escuna, e posto para trabalhar como grumete ao lado de Dan, vivido pelo Peninha. Lógico que no final Donald Harvey aprende o valor do trabalho. A história é um pouco sentimentalóide, bem menos engraçada, porém com um roteiro melhor construído que a anterior. A HQ deseja passar uma moral e é isso que ela faz em 30 páginas sendo uma boa e nada excepcional história.
O Fantasma de Canterville, 26 páginas, 1990;
Roteiro: Alessandro Sisti
Desenho: Roberto Marini
Desenho: Roberto Marini
Essa é minha história favorita do volume. Não é tão grande como e épica como a primeira deste ou do outro volume, porém em suas 26 páginas faz tudo certinho, contando a história do fantasma de Canterville (encarnado pelo Donald) que tem seu castelo invadido por uma família americana (Tio Patinhas, Brigite, Pata Lee, Huguinho, Zezinho e Luisinho) imune aos seus sustos. O roteiro é bem simples, ambientado apenas no Castelo, porém é bem humorado e bem construído. A arte também é muito boa, do meu período italiano preferido. Essa é uma história não é inesquecível, nem indispensável, entretanto.
Avaliação da Patranha:
Esse volume vai na contramão do primeiro: não traz nenhuma grande história e nenhuma história ruim também, mas três boas histórias, todas diferentes umas das outras. Nota (***)
Volume 3: O Grande Teatro de Shakespeare (****)
Donald Hamlet, 76 páginas, 1960;
Essa é, na minha opinião, a melhor história da coleção até esse ponto. Nela Donald se vê atormentado por uma terrível dúvida: Pagar ou não ao fisco, ser ou não ser um contribuinte? Ele acaba se machucando e para ele refrescar as idéias os sobrinhos dão para ele ler a história de outro jovem também corroído pelas dúvidas: Hamlet. Durante a leitura Donald acaba dormindo e sonhando que ele mesmo é o príncipe da Dinamarca, onde enfrenta várias tramas no poder. A história, assim como os carros chefes das outras edições, é bem antiga, de 1960. Entretanto ela é muito melhor que as duas, tendo uma arte muito superior a dos Três Mosqueteiros, e um roteiro muito melhor estruturado que a da Ilha do Tesouro. Sendo igualmente divertida e engraçada, ou ainda mais, que essas duas. Donald reescrevendo o famoso monólogo de Hamlet com o contexto dos impostos, ou o Donald Hamlet o tempo todo questionando de forma dramática o que comer no café da manhã ou outras coisas triviais é hilário. Soma-se a isso um bom uso do hall de personagens Disney nessa história (como um tio Patinhas tesoureiro real, que se desespera cada vez que tem que pagar as dívidas do reino, ou o Bafo na pele de um rei bárbaro glutão) e temos uma excelente história.
Donald Otelo, 39 páginas, 1972;
Roteiro: Gian Giacomo Dalmasso
Desenho: Giorgio Bordini
Desenho: Giorgio Bordini
Donald demonstra muito ciúme de Margarida, ao que seus sobrinhos o comparam a Otelo, sem saber quem é Otelo, Donald procura o prof. Ludovico que lhe conta [parte d] a história do Mouro de Veneza. Não gostei dessa história, não. O roteiro dá muitas voltas e de maneira nenhuma justifica suas 39 páginas. Por exemplo, era realmente necessário contar como o Ludovico conseguiu a tal flor rara? As coisas não funcionam simplesmente e o roteiro não é bom, embora ainda tenha algumas coisas legais, como o Donald negão, como o Mouro de Veneza, e um, até aqui para mim, único Peninha vilão, na história contada pelo Ludovico. Os desenhos também são bem pobres e às vezes mal feitos. É uma história que não é ruim nem boa, e poderia ficar de fora apesar de ter elementos únicos, afinal certamente há dezenas de histórias da Disney por aí, de 32 páginas com tema de Romeu e Julieta, por exemplo.
A Megera Domada, 34 páginas, 1998;
Roteiro: Silvano Mezzavilla
Desenho: Giorgio Cavazzano
Desenho: Giorgio Cavazzano
Em primeiro lugar, porque o título “A Megera Domada”? Porque faz referência ao título da história em que se inspira, ou porque no final William Shakespeare (ou Guilherme Balança-Lança, hehe) resolve usar uma mulher no papel principal da sua peça? Acho que poderia ser o Megero Domado, já que essas histórias são apenas inspiradas nos clássicos da literatura e não adaptadas deles. De qualquer forma isso não importa, a história em si é boa. O traço do genial Cavazzano, não é nem necessário falar, é amplamente superior ao de qualquer história publicada até aqui. Embora eu mesmo não seja fã do estilo italiano, é inegável o talento desse grande mestre. O roteiro é competente e divertido, não tenta criar uma grande história, mas apenas divertir, e é isso o que ele faz. Uma boa história em suma.
Avaliação da Patranha:
Uma história excelente e inspirada, com um toque único de humor na adaptação, somada a uma história mediana cheia de erros e uma história boa, divertida e despretensiosa, além da capa mais bonita entre todos os volumes credenciam este a ser avaliado como ótimo. Nota (****).
Oi Denis! Belo blog!
ResponderExcluirAdorei as sinopses, muito boas mesmo. É bom ler sobre quadrinhos Disney, e agora temos mais um blog para ajudar a divulgar este universo!
Ótima ideia a das avaliações. Em geral, eu concordo com você.
Abçs. e boa sorte no seu futuro blog
Lampadinha
Agradeço muito, Lampadinha.
ResponderExcluirQualquer sugestão e crítica pode remeter.
Denis
Olá, Denis. Tudo bem? Você escreve muito bem e sabe expressar-se. Espero que seu Blog tenha uma longa vida e não se atenha preso ao conteúdo - o espaço é teu e nele você decide o que colocar... simples assim.
ResponderExcluirNo meu Blog por exemplo, eu evito colocar assuntos que todos os outros já colocaram no mesmo dia ou - quando eu coloco - procuro sempre adicionar um diferencial. Muitas vezes incluo minhas opiniões a respeito das coisas, ainda que eu saiba que os leiores não concordem comigo porque no meu espaço eu penso que o fundamental é eu poder expressar minha opinião. Enfim, só quis compartilhar como dirijo o meu. Não se esqueça das categorias, com elas as postagens ficam organizadas.
Abraços. FabianoCaldeira.
Sim, Fabiano. Muito obrigado;
ResponderExcluirAo escrever nesse blog não tenho intenção de ser o dono da verdade, nem de deixar de dizer nada se a minha opinião for mais polêmica, mas apenas colocar a minha opinião.
Agradeço muito pelas dicas.
Opa..é sempre bom ver mais um blog surgindo. Um conselho é que vc não desanime se tiver poucos comentários.Esse foi um erro que cometi com blogs anteriores até me dar conta que muita gente lê mas não comenta..
ResponderExcluirSobre a postagem está bem escrita procurando sempre dar sua opinião sem parecer prepotente isso que gosto de um bom texto..parabéns e vida longa.
Se precisar de alguma coisa é só falar o/
Ps . Adorei a idéia do nome do blog
Obrigado, Macgaren.
ResponderExcluirGaranto que por enquanto, pelo menos, eu estou animado e não vou desistir.
Valeu pela ajuda.