segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Clássicos da Literatura Disney - Parte 2


Continuamos com a segunda parte da avaliação de toda a coleção de Clássicos da Literatura Disney, hoje do Volume 4 ao 6.

 Legenda da Avaliação: (*)Ruim, (**)Regular, (***)Bom, (****) Ótimo, (*****)Excelente.




 Volume 4 – Os Cavaleiros da Távola Redonda


Roteiro: Sisto Nigro
Desenho: Giampiero Ubezio

A primeira história com o Mickey e o Pateta na coleção com a série temática “Máquina do Tempo”, para quem deseja conhecer melhor a série o Thiago do site Portallos escreveu esse ótimo post: http://www.portallos.com.br/2009/10/07/patopolis-em-quadrinhos-4-mickey-e-pateta-alterando-o-passado-em-1478-download/ com outra história da série onde Mickey e Pateta viajam no tempo, para a Itália Renascentista. Já nessa, eles vão para a Inglaterra do século V para descobrir a verdade sobre a Távola onde se reuniam os cavaleiros do rei Arthur, se ela é redonda de fato ou possui outro formato. A história é bastante diferente das histórias de abertura dos outros volumes, a começar pela data posterior e pelo tamanho, bem mais curto. Ela não se apóia em uma história para se inspirar, já que as lendas do Rei Arthur são várias, mas utiliza esse universo para desenvolver a trama da investigação da tal mesa. O desenho é bem feito, embora a colorização não esteja tão boa nessa edição. O roteiro em alguns pontos é meio infantil e bastante previsível, mas a história é divertida, o Mickey funciona bem nessas histórias de viagem o tempo, e o Pateta sempre dá o seu brilho.


Nos tempos do Rei Arthur, 10 páginas, 1966;

Roteiro: Vic Lockman
Desenho: Paul Murry

Minha história favorita do volume, tem o traço de um dos meus mestres Disney favoritos, uma das poucas unanimidades entre os fãs quando se trata do Mickey, Paul Murry. Essa história sim faz uma adaptação disneyana da lenda do rei Arthur, tendo o Mickey como o soberano inglês após acidentalmente retirar a espada da pedra, ele monta sua távola redonda com cavaleiros (aliás, o que o gastão está fazendo solitário como único representante dos patos nessa história?) quando, porém, Lady Minnie é raptada pelos cavaleiros tricolores (não, não é uma torcida organizada do Fluminense) todos os cavaleiros arranjam uma desculpa e sobra para o Pateta salvar a dama em perigo. Só pela sinopse já dá para perceber que é uma ótima e divertidíssima história, o nome de Murry nos créditos garante que a trama é muito bem desenhada também. Uma excelente história mais clássica e com o estilo diferente de todas até aqui, já que é de outra escola, a americana.


A Lenda do Rei Arthur, 33 páginas, 1988;


Voltamos ao núcleo dos patos nessa história que, como a anterior, reconta a história do rei Arthur, ou nesse caso, Donaltur, candidato ao trono da Inglaterra junto com seu rival Gastolot, que é apenas um tolo manipulado pela Maga. Nessa história, a lenda segue seu próprio rumo, com a espada encravada no alto de uma montanha que todos têm medo de escalar, uma transformação em sapo e um dragão que protege a princesa Margarivere. A história não é tão divertida, simples, criativa ou bonita graficamente quanto à anterior, porém não é uma má história, não, é voltada para o humor, coisa que faz muito bem, com bons momentos.


Tristão e Isolda, 68 páginas, 1996;


Sinceramente, até agora eu não sei direito o que pensar dessa história. Tio Patinhas é o rei Patinhas Magno, que se vê apaixonado (ocasião única) por Isolda (Margarida) e manda seu paladino Donald Tristão para raptá-la de seu pai e seus terríveis irmãos. Donald, inevitavelmente, se apaixona por ela, e adentram um bosque mágico, onde coisas estranhas acontecem. Essa história é meio nonsense, é estranha, sem dúvida, e imprevisível. Por um lado, em alguns momentos parece infantil, com a bruxa Vanda e um ente flamejante brincando com quem entra no bosque, e o estilingue de um dos irmãos e a história não é tão divertida, por outro, tem o roteiro bem construído com a linha de ação bem clara e uma imprevisibilidade rara em histórias infantis, nunca dá para saber o que vai acontecer na próxima página e até o final é surpreendente. A arte, não tão boa, e o colorido ajudam na impressão de ser infantil demais, mas os desenhos funcionam bem para a história cheia de criaturas estranhas, como na parte dos dolmens. No final das contas, essa é uma história única para mim, e que vale a pena ler.


Avaliação da Patranha:
Mais um volume bom. As histórias do Mickey no passado e do Donald como rei Arthur são divertidas, mas bastante comuns e nada têm de extraordinário. A história do Murry é ótima, mas é curta e despretensiosa, não combina tanto com uma coleção assim (ou pelo menos, com o início dela). E a história final, a maior do volume, Tristão e Isolda é muito boa pela originalidade, mas não tão divertida. Nota (***).



 Volume 5: A Ilíada e a Odisséia

Ilíada, 83 páginas, 1959;

Roteiro: Guido Martina
Desenho: Luciano Bottaro

Uma história espetacular que não é uma adaptação da Ilíada homérica, mas sim uma história que, com situações em que se envolve a família Pato, remete a guerra de Tróia. Nela, Gastão rouba um objeto valioso do tio Patinhas e junto com os irmãos metralha foge para uma fortaleza em uma ilha. Donald pensando que o que eles roubaram foi a Margarida, graças a um mal entendido, jura ao tio Patinhas (que não desmente a confusão) que fará de tudo para resgatar o tesouro roubado. Ajudados por um Pateta, munido de poderes proféticos, graças a uma fenda mágica, os patos chegam a Ilha, mas não podem entrar na fortaleza e aí se inicia a Guerra. A dinâmica dos personagens é ótima, Gastão e os Metralhas de um lado e Donald, tio Patinhas, Huguinho, Zezinho, Luizinho, Pateta e, depois, Pardal do outro funcionam perfeitamente bem nessa história. Pateta junto à família pato é raro, ainda mais sem o Mickey e ele garante bons momentos. O roteiro é muito bem escrito, com a ação na medida certa, embora eu ache que a história poderia ser menor, cortando, por exemplo, a inútil e sem sentido seqüencia em que o Capitão Gancho aparece, além de achar o final meio súbito e rápido, mas isso não tira o brilho da ótima história. Os desenhos também são espetaculares, ainda que de 1959, com o mestre Luciano Bottaro e a colorização está ótima nessa história também. Para mim, a melhor da coleção até esse ponto.


Odisséia, 63 páginas, 1961;


A ambientação dessa história e no velho oeste americano onde, semelhantemente a anterior, diversos fatos acontecem que fazem referência a Odisséia de Ulisses. Donald luta 10 anos na guerra contra os índios, por causa de um búfalo roubado do tio Patinhas. Antes de ir à guerra Donald registrou o sítio da vovó Donalda em seu nome, já que os combatentes não pagam impostos, ciente dessa artimanha Gastão invade o sítio com os credores do Donald (que possui toda sorte de dívidas), dispostos a consumir tudo. Ao vencer a guerra Donald passa por uma série de infortúnios até voltar para casa e expulsar os “pretendentes”. Com bons, porém claramente antigos desenhos e uma colorização tão boa quanto à história anterior, a arte faz sua parte nessa história. Quanto ao roteiro tenho algumas coisas do que reclamar, primeiro, o fato de Donald ter passado dez anos fora e os sobrinhos lembrarem-se dele, afinal quantos anos eles têm? Segundo, está certo que Donald é displicente e irresponsável, agindo muito mais vezes da forma errada do que da certa, mas nem para ele seria natural fazer tantas besteiras quanto nessa história. Mas, fora isso, é uma boa história. Pateta mais uma vez é aproveitado, de novo como adivinho, de forma muito engraçada. A ação é bem construída, às vezes rápido demais, e não tão bem quanto na história anterior, embora em minha opinião essa seja mais engraçada.

Avaliação da Patranha:
Um volume com apenas duas grandes e antigas histórias, ambas ambientadas diferentemente da obra de origem, uma ótima e uma boa. 100 % de aproveitamento na revista e nota (****).




 Volume 6: As Viagens de Marco Polo
As aventuras de Marco Polo, 126 páginas, 1982;


Até agora eu já falei de histórias simples e despretensiosas, histórias grandes e cheias de rodeios no roteiro, e histórias grandes e com roteiro bem construído, embora simples, quase sempre com uma observação: a história poderia ter menos páginas. Nenhum desses é o caso da história que vem a seguir: Ela é gigante, tem 104 páginas nessa edição (126, no original), pretende contar a grande saga de Marco Polo, e o roteiro é cheio de voltas e situações diferentes, mas não consigo pensar em nada que poderia ficar de fora. É, para resumir, uma história fantástica. Tio Patinhas compra um estúdio de televisão e chama o Mickey para escrever um seriado sobre Marco Polo, e ele narra a história, na qual Donald faz o papel de Marco, tio Patinhas de seu tio Mateus, Ludovico Von Pato de seu pai Nicolau. A história é dividida em quatro partes, os quatro episódios do seriado: No primeiro os Polos chegam a Veneza, e Marco passa a narrar suas aventuras para os familiares de desde quando, saindo se Veneza, dirigiram-se para o Oriente, para a China, atravessando terras inóspitas e todo tipo de provação, chegando até a encontrar Ararate, o monte onde pousou a Arca de Noé. No segundo, a partir da terra das turquesas eles avançam por um terrível deserto até chegar finalmente a Grande Muralha. No terceiro, já na presença de Kublai Kahn, eles aprendem sobre a ciência e as riquezas da China, e Marco derrota um consorte traidor. No quarto, Marco derrota uma horda de bárbaros, e depois eles finalmente voltam para casa após escoltarem a princesa Kokacin (vivida pela Pata Lee) até o seu noivo, o Xá da Pérsia. A história além de muito divertida, e com uma ótima trama é bastante educativa também, mostrando várias das invenções da China ancestral (embora nem tudo seja verdade claro) e transpondo muito bem a história de Marco Polo para os quadrinhos. A maneira do tio Patinhas de produzir um seriado milionário garante o bom humor. Os desenhos são lindos, e mostram o quanto Romano Scarpa pode fazer um trabalho melhor do que na sua história presente no volume 1. O colorido dessa edição também ficou espetacular. Eu só lamento pela história da Ilíada que mal durou uma edição como minha favorita da coleção.


O Tesouro de Marco Polo, 13 páginas, 1973;

Roteiro: Carl Fallberg
Desenho: Tony Strobl
Arte-final: Steve Steere

Depois da ótima história que a sucede essa história fica um pouco sem graça, apenas para fechar a edição. A história em si não é ruim, ela narra o tio Patinhas acompanhado dos sobrinhos atrás do tesouro de Marco Polo, com um mapa que um pastor lhe deu, porém quando eles estão para achar o tesouro o pastor aparece desejando o tesouro para si próprio. Achei o roteiro confuso e cheio de incongruências, afinal o tio Patinhas salvou o pastor e anos depois ele lhe deu o mapa? Porque ele deu o mapa? Para que o tio Patinhas abrisse a caverna? Estranho... Eu não entendi. Os desenhos levam o traço do Tony Strobl, de quem eu gosto, mas o colorido está horrível. A história não tão ruim assim também, é divertida e tem seus momentos, como quando o tio Patinhas sonha que eles estão velhos cavando o tesouro, e os sobrinhos estão exatamente igual, apenas com longas barbas. De qualquer forma é apenas uma simples história tapa-buraco.


Avaliação da Patranha:
O volume é ocupado quase que só por uma história espetacular, de resto apenas uma história bobinha para fechar o volume. E temos a primeira nota (*****).


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