sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Mensais de Janeiro*

(*As revistas de linha da Disney publicadas pela editora Abril não trazem data no expediente.)

Eu sei que eu havia dito na última postagem que hoje eu escreveria mais uma parte dos reviews de Clássicos da Literatura Disney, entretanto as revistas mensais chegaram ontem aqui em casa e resolvi escrever sobre elas. Vamos lá:

Legenda da Avaliação: (*) Ruim, (**) Regular, (***) Bom, (****) Ótimo, (*****) Excelente;
 

Tio Patinhas n° 546



Tio Patinhas entra em uma das já manjadas disputas com Patacôncio, desta vez pelo controle do mercado das assinaturas de TV pagas. A principio Patacôncio leva vantagem já que seu canal possui maior diversidade, já que o canal do tio Patinhas só passa velhos filmes em preto-e-branco e programas políticos e econômicos. Entretanto quando, por acidente, os Metralhas, ao modificar um conversor digital experimental do Pardal, captam um sinal de transmissão alienígena, tio Patinhas o reproduz e ganha facilmente o mercado quando todos ficam fascinados, somente até, entretanto, os verdadeiros donos do sinal vierem reivindicá-los.

A arte dessa história não me apetece particularmente, ela é competente, bem detalhada e moderna, mas tem o traço escrachado italiano, que eu particularmente não gosto (acho que já disse isso por aqui antes). O roteiro é até criativo, e trata de um tema moderno, que são os conversores digitais, no entanto é pouco inspirado e não particularmente divertido. Uma história que acaba sendo bastante comum, na média (não muito elevada) das produções italianas.

Roteiro: Marco Bosco
Desenho: Andrea Freccero

Tio Patinhas apresenta um novo projeto de lucro, uma cidade ecológica totalmente auto-sustentável, projetada pelo engenheiro Aleixo Cante. Logicamente, ela produz a inveja do rival Patacôncio, bem como cobiça dos Metralhas e um desconhecido sentimento em Pardal, preterido em função do projeto mais barato de Aleixo. Quando a cidade nova começa a sofrer com misteriosos apagões e variação de energia, o engenheiro diz categoricamente que alguém a está sabotando, cabe então ao Superpato investigar.

Essa história é bastante semelhante à anterior, tanto que eu até confundi ao tentar fazer esse post pela primeira vez, tive que lê-las novamente. A arte, da mesma escola, é muito parecida, e o tema, voltado para uma tecnologia moderna e muito em voga, também semelhante, entretanto eu gostei muito mais dessa história do que da anterior. Ela não é nenhuma obra-prima, mas pelo menos tem um mistério até interessante, com um final criativo.
 
A Inversão Cósmica; 23 páginas, 1973;

Roteiro: Jerry Siegel
Desenho: Giancarlo Gatti

Tio Patinhas resolve fazer uma viagem espacial para encontrar grandes tesouros no espaço, depois de algumas semanas ele finalmente acha um planeta de ouro maciço e volta a Terra para registrar a descoberta, no entanto ao chegar aqui ele descobre que todos mudaram seus comportamentos ao avesso, assim ele deve contar com a ajuda dos Metralhas para proteger sua Caixa Forte dos guardas, dos policias e até do Pardal e do Donald, até que o efeito da nuvem de radiação responsável por essa inversão passe.

Uma história muito mais antiga que as outras duas, isso é claramente percebido na arte mais arcaica. No roteiro, entretanto, é que essa história é, de longe, a pior da edição. Jerry Siegel já é uma decepção, e essa história não contraria isso. Um roteiro muito fraco, sem graça, sem inspiração e nenhum embasamento cientifico. Sério, eu me pergunto como é que o Super-homem dura até hoje, com as primeiras histórias sendo escritas por um autor tão fraco.


Avaliação da Patranha: (**)
A edição do tio Patinhas desse mês saiu apenas regular, com uma história ruim (aliás, como todo mês desde começaram a publicar o Siegel) e duas medianas, sendo a que mais se destaca a do Superpato. É, quem diria, a pior das mensais de janeiro.


Zé Carioca N° 2355
 
 Zé Carioca X Alakibu; 6 páginas, 1978;

Roteiro: ?
Desenho: Carlos Edgard Herrero

A ANACOZECA planeja uma nova forma de cobrar o Zé Carioca, desta vez contratando um hipnotizador, chamado Alakibu, para obrigá-lo a pagar através do hipnotismo. Claro que a tarefa não vai ser fácil. Uma boa história, com bons desenhos e um roteiro muito simples e divertido, no melhor estilo Zé Carioca. Nada de mais tenho a dizer.


O Herói dos Superforas; 14 páginas, 1970;

Roteiro: ?
Desenho: Jack Manning

Superpateta prende o prof. Gavião e toda sua quadrilha, porém logo a seguir estraga um set de filmagem e atrapalha a rodagem de um filme por pensar que a atriz corria real perigo. Ciente disso Gavião bola um plano onde, transmitindo um sinal de rádio de dentro da cadeia (para não dizerem que histórias antigas não trazem temas atuais também), engana o Superpateta, para que ele cometa um erro atrás do outro e perca a confiança e assim, o Gavião possa dominar as ruas com sua gangue.

Essa história não é de todo ruim, estando na média das histórias do Superpateta publicada na revista do Zé Carioca, já que eu gosto bastante do personagem, a arte também é mediana, não se destacando de outras. O roteiro, entretanto, é cheio de falhas, como por exemplo, o Gavião entrando na cadeia com todo um arsenal bombas, transmissores e dinheiro, aposto que ele tinha cigarro e drogas também. Um sinal que aparentemente só o Superpateta capta, fora que, ao sair da cadeia, sem ter de enfrentar o Superpateta, o Gavião aterrorizou a cidade com um calhambeque e umas pistolas, onde estava a polícia nessa hora? Depender do Superpateta para tudo já é demais. Até erro de tradução houve, com o herói chamando o Coronel Cintra de Inspetor no primeiro quadro. Mas, fora esses detalhes, essa não é particularmente uma má história.

O Tesouro de Lampião; 14 páginas, 1961;

Roteiro: ? (será que esse tal de “?” foi homenageado nessa revista?)
Desenho: Jorge Kato

Mickey e Pateta viajam pelo Norte do Brasil (na história, pelo menos, está escrito Norte, mas creio que seja o Nordeste) guiados pelo Zé Carioca. Naquelas paragens, porém, eles encontram o Bafo e sua gangue, vestidos como cangaceiros, procurando o tesouro de Lampião. Rapidamente ele captura Mickey e Zé Carioca, e cabe ao Pateta descobrir onde está o tesouro e impedir os vilões de achá-lo.

Uma historia particularmente original, onde Pateta e Mickey contracenam com o Zé Carioca pelo interior do Brasil. É brasileira e bem antiga, e de grande interesse para mim, pelo menos. Ela em si também é boa, apesar de algumas incongruências e falhas no roteiro, a arte é bem arcaica, e diferente da das produzidas depois, mas é uma boa hstória.
Experiência Anterior; 5 páginas, 1974;


Peninha e Donald são, mais uma vez, demitidos da Patada e, impelidos pelo Ronron, procuram outro emprego. O problema é que mesmo para o cargo mais simples é necessário experiência. Eu gosto muito das histórias da Patada, com o Donald e Peninha repórteres, elas são muito divertidas e despretensiosas. E essa não foge à regra, ótima história, para mim a melhor do gibi.

Minhocas na Cabeça; 6 páginas, 1968;


Zé Carioca e Nestor pretendem vender barbatanas (sei lá o que é isso) para uma sociedade de parapsicodélicos, quando fica sabendo que eles dão 5 mil reais para quem der qualquer pista sobre outra civilização, e é claro que o Zé tentará levar esse prêmio. Mais uma boa e antiga história do Zé Carioca, desta vez mais simples e mais divertida, o único porém que eu levanto é o que diabos são as tais barbatanas que eles vendem?



Roteiro: ?
Desenho: Renato Canini

História simples de uma página com o Nestor e o Zé Carioca sobre manias. Divertida, fecha bem a edição.


Avaliação da Patranha: (***)
Esse mês, Zé Carioca volta a sua melhor fase (em minha opinião), mais antiga, com boas histórias curtas e muito divertidas. Por não ter nenhuma história que se destaque, entretanto, fica como bom, apenas.


Mickey N° 820
No Vale do Pica-pau Gigante, 36 páginas, 2007;

Roteiro: Casty
Desenho: Paolo Mottura

Ao limpar sua geladeira Pateta, junto ao Mickey, descobre, em uma caixa de sapato, o legado de um tio aventureiro: um ovo e um mapa que, aparentemente, leva ao ninho de uma espécie desconhecida de pica-pau gigante. Eles partem imediatamente para o Oregão, e contam com a ajuda de um guarda florestal esquecido, bem como a advertência de outro guarda, prontos para adentrar as florestas e fazer uma descoberta surpreendente

Assim como o Jerry Siegel, Casty também foi uma decepção. Ok, ele não foi uma decepção como o Siegel, porque embora suas histórias passassem longe das maravilhas prometidas, não são de todo ruins, apenas medianas. Essa história não vai apagar o desapontamento com ele até agora, mas é, sem dúvidas, a melhor história que eu li dele. O roteiro é bem feito, com um mistério bem construído, e um final não óbvio, ao contrário das outras histórias do Casty até aqui. Os desenhos são do estilo italiano, mas muito bem feito, e essa história tem lindos quadros de 2/3 de página. Casty ainda não é o rei do universo, mas pelo menos mostrou alguma qualidade nessa boa história.
 

Mickey Crusoé, 10 páginas, 2002;


Mickey e Butch (personagem, segundo o I.N.D.U.C.K.S., bastante antigo, mas que eu desconhecia) competem em um programa televisivo para ver quem consegue sobreviver melhor em uma ilha deserta, ao melhor estilo Robinson Crusoé. É o tipo história que embora já seja curta, podia ser muito mais, já que não tem nenhum grande roteiro e nem como humorística serve. Fraca, embora os desenhos sejam mais de acordo com o tipo que gosto.

Avaliação da Patranha: (**)
Casty foi uma surpresa positiva esse mês, comparado aos outros, entretanto por só haverem duas histórias nessa edição, uma delas muito fraca, a revista é regular.


Pato Donald N° 2390

A Origem da Princesa Oona; 12 páginas, 1995;


Após mais um dos ataques de raiva do Pato Donald, Margarida diz que ele é um neandertal. Para provar o contrário, ele aceita ir com o Pardal, em sua máquina do tempo, para a idade da pedra. Lá, após se desentender com os trogloditas, ele conhece a princesa da tribo, Oona, que rapidamente cai de amores por ele e concorda em ajudá-los a achar a máquina do tempo e voltar para casa.

Uma história histórica, sendo a primeira aparição de Oona, a garota das cavernas que apareceu em várias outras histórias por aqui (I.N.D.U.C.K.S.). O que todos perguntam: Porque demorou tanto? Porque deixaram de publicar a origem, mas sim várias histórias da personagem? Ainda mais se considerarmos que essa não deve nada a outras histórias da pata pré-histórica. É, na verdade, uma ótima história, com excelentes desenhos de Vicar, um dos meus mestres Disney favoritos, e uma boa trama, que aproveita muito bem as doze páginas, e é também muito divertida. Vai entender a cabeça de editor...
A Batalha dos Abelhudos, 10 páginas, 1998;


Dessa vez, Donald procura proteger suas belas flores para ganhar um prêmio de 500 patacas, enquanto o Silva usa abelhas mecanóides para fazer bastante mel. Claro que há conflito de interesses, e eles acabam se envolvendo em uma guerra, como sempre.

Uma história bastante simples, com o roteiro de Noel Van Horn (o primeiro dele que vejo, aliás) e arte de seu pai, Willian Van Horn. Uma história divertida e despretensiosa, boa como quase todas que envolvem as disputas entre os vizinhos, e com um brilho no final que o filho certamente deve ter aprendido com o pai.


Inverno Quente; 10 páginas, 2004;


Donald, Huguinho, Zezinho e Luisinho vão passar o inverno nas montanhas. Enquanto Donald só quer sentar-se perto da lareira e ler um livro, os sobrinhos querem brincar na neve. Quando, enjoados de todas as brincadeiras normais de inverno, os sobrinhos propõe surfar num antigo vulcão adormecido Donald relutante aceita. Mas será que ele ficará, de fato, adormecido? Mais uma boa história curta de Van Horn, um mestre fantástico nas histórias curtas. E essa não foge a regra.


A Saga do Capitão Trambolhão; 14 páginas, 2009;

Roteiro: Geoffrey Blum
Desenho: Carlos Mota

Tio Patinhas se vê em uma crise com sua editora de revistas, graças à internet. A solução, dizem seus consultores, é investir em nostalgia. Imediatamente, tio Patinhas manda Donald encontrar a lenda dos quadrinhos, o criador do capitão Trambolhão Cao Baque, do qual Donald é grande fã. O problema é que o velho artista é um eremita que detesta receber visitas, e Donald vai ter que usar o conhecimento adquirido nas histórias do capitão para conseguir seu objetivo.

Essa é minha história favorita de todas desse mês. Faz uma homenagem ao grande mestre Carl Barks, ironiza os quadrinhos e o mercado editorial de hoje em dia. É muito divertida, com um humor mais ácido, bem diferente do costumeiro das HQ’s Disney e ótimos desenhos do brasileiro Carlos Mota. Uma excelente história, que se destaca muito pela originalidade.


Avaliação da Patranha: (****)
A melhor, de longe, mensal de janeiro para mim. Com nenhuma história ruim, bastante Van Horn, que é um dos meus favoritos, e ainda Vicar em uma HQ histórica, e a melhor história. Pato Donald desse mês está ótima.

9 comentários:

  1. Olá, boa tarde! Tudo bem? Espero que sim.
    Estou com falta de tempo agora, mas prometo postar depois, de novo, quando ler tudo com calma. Por hora, li só a do Tio Patinhas e já digo que desde que começaram essas histórias do Jerry Siegel, a revista ficou um pouco ruim... e não é só por causa de Jerry, mas parece que a seleção de histórias não tem sido lá grande coisa. Comprei só a primeira por causa das demais histórias e gostei (exceto a do Jerry, é claro!), mas as outras simplesmente não me chamaram a atenção.
    Enfim, depois eu leio sobre as outras e posto de novo. Desculpa a falta de tempo é que estou fazendo alguns desenhos para ver se aparece alguma coisa e isso dá trabalho (rsrsrs...).
    Abraços. FAbianoCaldeira.

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  2. Ja dei uma olhadinha na revista do Pato e na do Ze, e gostei muito da seleção de historias do Ze Carioca. So faltou uma historia do Canini que pra mim tem que estar presente em todos os gibis do Ze. Abraços Luiz Carlos

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  3. OLá! Bom dia! Já li tudo. Parabéns pela coragem de colocar tudo sobre todas as revistas.

    Eu só mantenho uma opinião diferente a respeito do CASTY. Para mim, ele é um dos artistas de hoje em dia que estão conseguindo recuperar um pouco do Mickey e seu universo. Acho que ele tem boas sacadas no comportamento dos personagens e dá para ver isso pelos detalhes das ações aparentemente sem importância, mas que trabalham um pouco mais o temperamento de cada um. Na Ilha de Quandomai, por exemplo, havia um Mickey ciumento e um Pateta observador que não deixou de ser atrapalho. É claro que ele não impressiona pela inovação, mas pelos detalhes comportamentais que explora melhor, na minha opinião.

    Das outras coisas que você comentou, realmente temos opiniões bem parecidas já que eu também adoro os Van Horn (Noel para o Mickey e William para os patos) e quanto aos erros mencionados na história do Superpateta, acho uma temenda sacanagem da Abril deixar isso pasar. A revista Natal de Ouro tem erros nas palavras do começo ao fim, mas é compreensível pelo fato de ter sido feita de surpresa. Agora, nas mensais também? Daí já é sacanagem.

    Tenha uma boa semana vindoura, cheia de energia, prazer e saúde... com Deus na vida, sempre!

    FabianoCaldeira.

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  4. Olá, Fabiano, tudo bem comigo e com você?

    Agradeço os comentários, aliás, agradeço todo o apoio que você tem me dado nesse início de blog. Tem sido muito importante e me motivado muito mesmo. Obrigado.

    Quanto as revistas, de fato, temos opiniões diferentes sobre o Casty. Para mim, falta criatividade no roteiro da maioria das histórias dele que eu li até agora. Quanto aos Van Horn, de fato, gosto muito, principalmente do pai, que já é um dos meus favoritos.

    Boa semana para você também. Fique com Deus.

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  5. Luiz Carlos, a gag de uma página do Canini não serve, não? hehe...

    Mas como eu disse no post, eu prefiro a revista do Zé assim. Se for para republicar, que se republique as histórias mais antigas.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Fico contente em saber que te dou algum tipo de incentivo moral. Gostaria de fazer mais, mas não posso. Espero que continue firme e forte, ok. Às vezes dá vontade, mesmo, de dar um tempo... e você pode, afinal, o Blog é teu (rsrsrs.)... permita-se a isso... mas não deixe de postar, ainda que passe por essas fases, volte depois.

    Abraços. FabianoCaldeira.

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  8. Tem razão Denis, nem percebi que a ultima historia é do Canini, tudo bem que era uma gag mas sendo do Canini ja vale.
    Valeu e continue com esse excelente blog.

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  9. Ah, tambem prefiro a revista do Ze desse jeitinho mesmo, se não da pra colocar nada novo de qualidade, é melhor republicar as historias ate os anos 70. Depois as historias do papagaio perderam toda a graça.

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